Engenharia correndo nas veias: visita técnica à Serra do Cafezal

Em 21 de agosto, o Instituto de Engenharia realizou uma visita técnica para conhecer as obras da rodovia Régis Bittencourt (BR-116), que vêm sendo executadas na Serra do Cafezal, pela concessionária Arteris. A visita contou com a presença de associados à Casa e estudantes de engenharia. O diretor-superintendente da Autopista Régis Bittencourt, engenheiro Êneo Palazzi, recebeu e guiou a comitiva, respondendo às inúmeras questões formuladas tanto pelos engenheiros quanto pelos estudantes.

Sobre a obra
No contrato de concessão da Autopista Regis Bittencourt – para operar a ligação rodoviária entre São Paulo e Curitiba -havia a obrigação de realizar a duplicação da pista no trecho da Serra do Cafezal, cuja dificuldade regulatória de cunho ambiental tornava-o um paradigma à época do leilão de concessão. É fato que parte da dificuldade residia na inflexibilidade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama – que, por quase 20 anos, impediu a continuidade das obras de duplicação da rodovia sob a alegação – correta – de que a Serra do Cafezal inseria-se em área de preservação permanente por conter porções de Mata Atlântica.

Coube ao engenheiro Palazzi e sua equipe desenvolver um projeto em que as obras são feitas pairando sobre a mata, sem atingir o solo e sem perturbar qualquer espécie de ser vivo da região. Assim, o projeto, atualmente em execução, mantém a pista sobre uma sucessão de viadutos – alguns vencendo distâncias de até 800 metros – construídos pelo sistema de lançamentos contínuos. Onde os viadutos não podem vencer a natureza, são escavados túneis em solo/pedra a partir dos próprios viadutos, que ao encontrarem o maciço, servem como canteiro de obras e dão suporte à escavação do emboque dos túneis, uma vez que não foram permitidos canteiros, mesmo temporários, em meio à mata.

Dentre as obras rodoviárias em execução, a duplicação da pista na Serra do Cafezal é a de maior relevância para estratégia de desenvolvimento do País, pois destina-se a dar solução ao grave problema de segurança num dos eixos rodoviários de maior movimento, e sendo executada sem paralisar o trânsito de cargas (70%) ou de veículos de passeio (30%). Não bastasse tal condição, há ainda a ser considerada a fragilidade do ecossistema, a alta pluviosidade local, a administração do imenso contingente de trabalhadores e de prestadores de serviços. Percebe-se que só faz uma obra como essa quem tem engenharia correndo nas veias. 

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Autor: Engenheiro Marcos Moliterno