As seis recomendações básicas para administradores de engenharia e de tecnologia

Pelo que pudemos apurar no Brasil não há curso de administração de engenharia e de tecnologia. Quem estuda administração de empresas passa a ficar focado em administração de marketing, de finanças, de informática, de recursos humanos, de organização e métodos e de outras atividades de serviços correlatos. Entretanto nas atividades de engenharia e de tecnologia “normalmente” são os profissionais egressos da formação da engenharia e da tecnologia específica.

Alguns egressos da formação em administração de empresas chegam a “tutorar ou custodiar” as atividades de engenharia e de tecnologia. Mas, muito poucos deles se dirigem para as áreas técnicas, haja vista a aplicação intensiva de matemática, de estatística e das tecnologias relacionadas ao conhecimento de base das atividades destas empresas, tais como: elétrica, eletrônica, mecânica, metalurgia e siderurgia, civil, aeronáutica, náutica, alimentícia, aeroespacial, química, biologia, nuclear e etc.

Várias condutas, princípios de ética e responsabilidades são diferentes em relação comparativa de egressos de administração e de formações tecnológicas.

Na tecnologia nada pode matar, ferir, machucar, aleijar, contaminar, poluir, explodir, incendiar, parar de funcionar, ter invalidade de uso, encarecer com o tempo, consumir mais energia, gerar muitos resíduos, desprender gases e elementos tóxicos. Que são as anormalidades da engenharia e da tecnologia. E as disfunções decorrentes destas anormalidades são aquelas relacionadas à precariedade de conhecimentos, imaturidade e de conduta dos seus profissionais.

Em quase 40 anos de profissão de engenharia industrial e metalúrgica tivemos a oportunidade de identificar pelos menos 6 itens que a falta de cautela dos profissionais acabaram por produzir tremendos desgostos e fracassos, os quais são:

1. A teoria na prática é outra: a falta de praticidade tem provocado muitas perdas nas empresas. Perdas que vão além da mais visível pelo administrador – a do tempo. Das perdas mais indicativas o tempo é aquela que medimos pelo relógio ou cronômetro. Todas as outras perdas associadas ao tempo podem ser calculadas ou estimadas. Se não usarmos os nossos cronômetros, para medirmos o tempo, das tarefas e das atividades, vamos perder muito mais do que o tempo.

2. Liderança e chefia são coisas diferentes: liderar é uma coisa e chefiar é outra coisa (como diz o mais velho). No país temos é muito chefe e poucos líderes. O retrato moral do líder está acima do que entendemos como chefe. O líder coordena habilidades e conhecimentos e o chefe tenta agilizar o tempo. Chefe se envolve no feitio do capataz. O líder se envolve na interação das possibilidades entre as pessoas, suas tarefas e seus resultados. A liderança é a prática das transformações a luz da sabedoria.

3. A engenharia é a carreira dos construtores: mas dos construtores de sonhos e soluções. Todos os sonhos, dentro das possibilidades técnicas e econômicas, podem ser realizados, com responsabilidade profissional. Materializar um sonho precisa de uma viabilidade para sua existência. Por isso os homens inventam. As invenções vieram eliminar as disfunções da vida. Se não fosse a morte quase nada teria sido inventado. Logo, somos construtores de coisas e objetos “sonhados”.

4. Na engenharia tudo deve ser calculado: Nada pode existir sem que tenhamos calculado. Precisamos dimensionar, medir, pesar, contar, qualificar e quantificar. Hoje as coisas têm que agradar mais do que há décadas atrás. Nada pode ferir, machucar, aleijar, contaminar, poluir, explodir, incendiar, parar de funcionar, ter invalidade de uso, encarecer com o tempo, consumir mais energia, gerar muitos resíduos, desprender gases e elementos tóxicos. Tudo deve ser confiável, com segurança técnica.

5. Se não tiver certeza do que está fazendo – não faça! Não faça nada de “cabeça”, nem contas simples e nem complexas. Nem tente lembrar as medidas e os valores das idéias, dos projetos e dos bens. Não creia na sua memória: Você pode estar errado e muita gente saberá do que se trata um engenheiro errado. Volte a ler os manuais e os livros, releia as fórmulas, analise os esquemas e croquis. Não se meta a 'bonzão de cabeça”. Recalcule e reveja tudo com os colegas. Elimine erros de 'conduta autômata'. E tenha boa certeza.

6. Aprenda o raciocínio estatístico: em tudo devemos aprender a aplicar o raciocínio estatístico. Nada é absoluto. E tudo é relativo e probabilístico. Nossas afirmações precisam ter alguma certeza real (nada pode ser especulativo). Um avião não voa por especulação. Uma vacina não pode ser usada por crenças especulativas. Tudo tem relação direta e indireta entre si, em atributos e variáveis. O raciocínio estatístico nos leva para afirmações menos arriscadas, mais embasadas com boas amostragens.

Autor: Administradores