Matrículas em engenharia não passam de 12,6% no Brasil

inguém contesta que o Brasil precisa de engenheiros para dar conta das obras de infraestrutura que virão: o governo estuda até mesmo importá-los. Já se o país precisa também de mais artistas, historiadores, filósofos e cia, é outra discussão. Mas o fato é que eles estão em desvantagem ainda maior quando se compara o Brasil a nações desenvolvidas.

Dados do Censo do Ensino Superior 2012, divulgado nesta semana pelo Ministério da Educação, mostram que as matrículas em cursos de engenharia somam 12,6% do total no Brasil.

Na média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) – formada por nações ricas – este número é de (um não tão distante) 14,1% – embora haja aí uma pegadinha, a da evasão (veja os números ao final da reportagem).

Já alunos de artes e humanidades, que chegam a rivalizar em quantidade com engenheiros em países desenvolvidos, são apenas 2,3% dos estudantes brasileiros nas universidades. Veja a tabela comparativa:

Como explicação, o economista especialista em Educação, Cláudio de Moura Castro, disse ao jornal O Estado de S. Paulo acreditar que, no país, cursos de humanidades e artes ainda são vistos como um “luxo”, enquanto setores estratégicos precisam enormemente de pessoal.

Pegadinha

Mas se nas matrículas em engenharia o Brasil já começou a reagir – o crescimento foi de 16,6% entre 2011 e 2012, o maior entre todas as áreas – na hora de concluir a faculdade, a vantagem desses outros países aumenta.

Quando se trata de entrar no mercado de trabalho – que é, afinal, o que importa – a desvantagem entre brasileiros e a média da OCDE mais do que triplica: vai de 1,4 ponto percentual para 4,8 pontos.

O Brasil vem aumentando a cada ano o número de alunos nas engenharias. Já é esperado, portanto, que primeiro se observe um crescimento no total de matriculados e apenas mais tardiamente também no de concluintes.

Mas os cursos da área apresentam elevada evasão, um problema cuja solução – ligada, entre outras coisas, à qualidade da educação básica brasileira – não é de fácil implantação.

Autor: Exame.com