Pesquisa elege engenheiro de software a melhor profissão

De segunda a sexta-feira é possível encontrar Bradon Hilkert, de 31 anos, sentando em frente ao seu MacBook, em sua casa em West Chester, na Pensilvânia, em uma cafeteria por perto ou em espaço de co-working que ele frequenta na Filadélfia. Esse tipo de flexibilidade é um dos motivos que fazem Hilkert amar seu trabalho como engenheiro de software em uma pequena startup. Essa é também uma das razões pelas quais a profissão foi a primeira colocada na lista de Melhores Trabalhos de 2012 do site CareerCast.com.

O site de carreiras analisou 200 profissões em cinco critérios: demanda física, ambiente de trabalho, renda, estresse e perspectivas de contratação. Para isso, utilizou dados do Bureau of Labor Statistics e de outras agências do governo dos Estados Unidos. Os empregos que entraram na pesquisa foram selecionados por sua relevância no mercado de trabalho atual e pela disponibilidade de dados confiáveis sobre eles. Por exemplo, a carreira militar – eleita a terceira pior de 2012 pelo site – entrou no ranking graças a novos dados divulgados pelo Departamento de Defesa norte-americano.

Hilkert e outros engenheiros de software estão liderando uma onda de intensa demanda por profissionais com habilidades na área de tecnologia da informação. Tanta procura justifica a renda média da área, que ultrapassa os R$ 160 mil anuais (ou US$ 88 mil), segundo o CareerCast.com. Esse movimento se traduz em algo invejável no mercado de trabalho atual, principalmente analisando a situação em níveis globais: um interesse constante de recrutadores de emprego na profissão. No caso de Hilkert, que estudou engenharia mecânica na faculdade, mas aprendeu sozinho a programar softwares, recebe de dois a oito telefonemas por mês de recrutadores tentando atraí-lo para outro emprego.

Por enquanto, ele está feliz em seu trabalho atual, na Meeteor.com, uma firma baseada em Seattle que desenvolveu uma plataforma de rede social para jovens profissionais. Ao jornal norte-americano The Washington Post, ele disse que recebe R$ 164 mil (US$ 90 mil) por ano.

O trabalho do engenheiro de software dá sim bastante flexibilidade, principalmente se compararmos a profissão a outras, como a de advogado ou a de médico. Mas a coisa não é tão fácil assim. Uma pequena, minúscula falha em um código de programação pode ser motivo para Hilkert ficar acordado a noite inteira. Como um dos três funcionários da startup, ele não pode delegar problemas para os colegas. Além disso, ao ficar na Meeteor.com, ao invés de assumir um cargo em uma empresa bem estabelecida, ele assume certo risco financeiro. Para ele, no entanto, tudo isso é compensando pelos benefícios de se sentir desafiado intelectualmente e por conseguir ver os frutos de seu trabalho crescerem rápido. “É uma profissão realmente interessante e é isso o que importa para mim no final do dia”, diz ele à publicação.

Surpresas

Tony Lee, editor do CareerCast.com, disse que não ficou surpreso ao ver a profissão de engenheiro de software no topo da lista feita pelo site. Ele se surpreendeu, no entanto, ao descobrir que os gestores de recursos humanos ocuparam o terceiro lugar do ranking. Seu espanto é justificável: em uma época de demissões, empregados ansiosos e cortes nas empresas, não é difícil encontrar profissionais de RH reclamando da tensão de seu trabalho.

Acontece que existe uma expectativa de que a economia se recupere e, assim, as perspectivas para os profissionais da área são ótimas. Foi isso o que trouxe a carreira ao terceiro lugar. Anne Diskin, que trabalha no RH da fabricante de vitaminas MeriCal, defende que o estresse do trabalho e as recompensas ganhas por ele são muitas vezes a mesma coisa – ajudar funcionários a resolver problemas na empresa. No entanto, é preciso considerar que a opinião vem de alguém que nunca precisou fazer a pior das tarefas de qualquer profissional que trabalhe nos Recursos Humanos: demitir outros funcionários. Ela diz que durante a crise evitou fazer demissões.

As outras profissões que ocuparam os cinco primeiros lugares na lista da Career.com são: em segundo lugar estatístico, em quarto dentista e em quinto planejador financeiro 

E o pior emprego é…

Lenhador. Esse foi o trabalho que substituiu a pior profissão do ano passado – a de lojista – em 2012. Segundo Lee, com o setor de habitação parado devido à crise, a demanda pelo profissional nos Estados Unidos caiu bastante. Adicione isso aos riscos enfrentados todos os dias pelos trabalhadores da área e ao salário anual de R$ 58 mil (aqui é preciso explicar, esse valor é considerado baixo para o padrão norte-americano). “Você arrisca sua vida todos os dias e você ganha pouco por isso”, diz o lenhador Kirk Luoto, de 30 anos.

O pai de Luoto era lenhador e seu avô também. Além disso, sua família é dona de uma pequena madeireira no Oregon. “Houveram momentos em que eu pensei em tentar fazer algo diferente”, diz. Ele conta, no entanto, que logo descobriu que não se sentiria feliz em nenhum dos trabalhos mais bem classificados pelo Career.com. Principalmente, se a profissão envolver ficar sentado em um cubículo. “Eu odeio mesas”, diz ele.

Autor: Época Negócios