Perspectiva 2012: Emprego

José Sergio Gabrielli
Presidente da Petrobras

“A crise mundial é predominantemente concentrada na Europa e nos Estados Unidos, e os mercados (de energia) que mais crescem são China, Índia, África e América do Sul. É por isso que todas as empresas de petróleo estão aumentando os planos de investimento, e não diminuindo. O navio mais lento no nosso comboio é o crescimento da capacidade produtiva dos fornecedores. Se não houver aumento de produção na velocidade em que precisamos, dos estaleiros, da indústria mecânica, de aços especiais, de engenharia, vamos reduzir nosso crescimento. E esses fornecedores não podem depender só do petróleo. Eles têm de pensar em fornecer para outras empresas, no Brasil e no exterior. A Petrobras tem hoje 77 mil empregados, 51% deles com menos de dez anos de empresa. Até 2015, vamos contratar mais 14 mil. Mas há um problema crescente no mercado de trabalho, quase com pleno emprego. Em engenharia, construção, montagem, mecânica, há dificuldade para atender o mercado. Pelo Prominp, o programa que temos com o governo federal para a cadeia de fornecedores, treinamos nos últimos três anos 79 mil pessoas. Vamos treinar 212 mil até 2015, em 180 ocupações, de engenheiro especialista em corrosão a operador de guindaste. Precisamos acelerar o treinamento, porque temos um país em obras. É provável que a gente tenha um problema com o aumento de salários. É provável que tenhamos maior tensão nas relações trabalhistas, nos acordos coletivos. Mas é um bom problema. É uma dor de crescimento.” 

Laércio Cosentino
Fundador e diretor presidente da produtora de software Totvs

“O Brasil continua sendo uma bela oportunidade – é o que vemos hoje em setores como educação e no interior, que cresce mais do que as capitais. O Brasil não é só São Paulo e Rio de Janeiro. Quanto mais longe das capitais, maiores as oportunidades. Mas temos o grande desafio de melhorar a produtividade no trabalho. Temos um reajuste salarial bastante forte a entrar nos próximos meses – e não vivemos numa ilha. O Brasil está caro e compete com países que estão ficando mais baratos. Para os setores de tecnologia e software, outra grande questão é a falta de mão de obra qualificada. A Brasscom (Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação) fez um estudo bem interessante que mostra o número de pessoas que faltarão, diante do número de engenheiros sendo formados (em 2010, a Brasscom estimava falta de 70 mil profissionais de software, com projeção de 213 mil para 2013). Se a empresa de tecnologia tentar contratar hoje só na hora em que precisa, provavelmente não conseguirá. Foi preciso planejarmos já em 2011 as contratações para 2012, para não ficarmos na mão.”

Marcelo Noll
Presidente da rede de medicina diagnóstica Dasa

“Cerca de 94% de nossa receita está ligada à medicina privada, a planos privados. E três quartos das pessoas com planos de saúde os têm por meio da empresa em que trabalham. Somos afetados de maneira fundamental pela criação de empregos. Em 2012, acho que veremos um bom avanço, não no nível em que já crescemos, de 2 milhões de empregos por ano. Mas temos visto um crescimento muito forte no Nordeste e em cidades médias.
Em 2010, com o crescimento forte da economia, foi difícil manter os funcionários. Em 2011, conseguimos diminuir a rotatividade. Em 2012, deverá ficar um pouco mais fácil. Mas estamos num esforço contínuo para acompanhar o aumento do número de brasileiros com acesso ao serviço, de 20% para 24% da população em cinco anos. Desde 2010, multiplicamos por quatro a verba para treinamento.”

Autor: Época