Congresso mundial de engenheiros debate mercado de trabalho: gargalos

Tema freqüente, a falta de profissionais especializados atinge, em cheio, um dos programas mais ambiciosos do governo federal, o PAC. Voltado para obras de infra-estrutura, o programa se ressente da falta de mão-de-obra especializada em atividades da área tecnológica e a engenharia – e suas dezenas de modalidades – é apenas uma delas. Além do PAC, a falta de pessoal pode comprometer o crescimento econômico do país (PIB de 5,2% em 2007) em áreas como petróleo e gás, geologia e mineração, por exemplo.
Levantamentos recentes indicam que o país precisa formar perto de 30 mil engenheiros/ano para alcançar padrões mais sólidos e sustentáveis de desenvolvimento. Hoje, são formados 23 mil. O Sistema Confea/Crea tem registrados 495.581 engenheiros, mas nem todos exercem a profissão.

Hoje, constatamos que a falta de visão estratégica na preparação de mão de obra para o desenvolvimento provocou a realidade atual e buscamos compensar a formação oferecendo mais cursos. Muitas empresas recorrem aos profissionais estrangeiros que já somam seis mil, no Brasil, um país que oferece seis engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas, enquanto que nos países europeus e asiáticos, a média é de 25.

Mas essa carência não é exclusividade brasileira. A Alemanha oferece cursos de atualização para os já formados e incentiva o ensino de ciências como a matemática, desde o 1º grau escolar. Os EUA precisam de 100 mil engenheiros por ano. Formam 70 mil e buscam os 30 mil restantes no exterior. China e Índia, juntos, formam cerca de 500 mil engenheiros/ano.

Para o Brasil, uma das soluções passa pela elaboração de um plano de ação a ser deflagrado em parceria com academia, governo e empresas no sentido de reformular o ensino e investir em pesquisa.

Este será um dos temas do 3º Congresso Mundial de Profissionais – a WEC 2008 – que acontece de 02 a 06 de dezembro em Brasília. O evento, em sua terceira edição – a primeira na Alemanha, 2000, e a segunda na China em 2004, reunirá mestres, doutores, cientistas e profissionais debatendo em torno do eixo que orienta os debates, “Engenharia: Inovação com responsabilidade social”. Tecnologias emergentes, os limites da ciência, as experiências e das perspectivas para o desenvolvimento da sociedade também estão na pauta.

Com o Sistema Confea/Crea à frente de sua realização, a WEC 2008 reúne muitas parcerias, entre elas, com a Unesco que considera fundamental a qualificação em engenharia para o combate à pobreza, o que implica em desenvolvimento social.

Autor – Marcos Túlio de Melo é engenheiro civil e preside o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

Autor: Site Crea