Hipismo: cavaleiros e amazonas brilham na VI Etapa da Regional ABC

Zaira, Denis Boy, Fofinha, Samantha fizeram a festa neste domingo. Eles, juntamente com seus parceiros, os cavaleiros e as amazonas, participaram da VI Etapa da Regional ABC – Manège ND e Instituto de Engenharia, que aconteceu no último domingo (21). No decorrer do ano, são realizadas oito etapas para que os alunos possam colocar em prática o que aprendem durante as aulas.

As nuvens escuras, as pancadas de chuva e o frio não impediram os percursos e saltos dos quatro, e de outros cavalos, durante o dia todo.

A competição começou com a modalidade varinha no chão, que é a etapa onde os iniciantes desenvolvem a habilidade e começam a ter o domínio do cavalo. No decorrer do dia, também aconteceram modalidades com 0,40m, 0,60m, 0,80m e 0,90m de obstáculo e de 1m e 1,10m, estes dois fora da competição, mas autorizado pela Federação Paulista de Hipismo (FPH), que deu um suporte para a Etapa Regional.

Para cada uma dessas modalidades, a Federação estabelece um tempo que é chamado de ideal. A pontuação é conferida aos participantes que mais se aproximarem do tempo ideal. Assim, o papel do cavaleiro ou da amazona não é apenas domar o cavalo, mas contar o espaço existente de um obstáculo para o outro. Esta contagem é feita com base nos ‘lances’ do cavalo, ou seja, cada passada completa do animal.

As prova foi uma realização da Escola de Manège ND, em parceria com o Instituto de Engenharia e com a colaboração da FPH. A Escola nasceu de uma iniciativa de Neidson Dias de Oliveira, hoje administrador da Vila Hípica do Instituto de Engenharia. Antes de chegar ao campus, Neidson tinha uma escola de hipismo, porém o espaço era muito menor, o que limitava o ensino e treino de algumas categorias (saltos a partir de 60cm). Então, em fevereiro deste ano, Nei, como é conhecido por todos, em uma parceria com o Instituto e com a ajuda de amigos, instalou a escola Manège ND.

Alguns participantes, algumas histórias
Logo no início das provas de domingo, três participações demonstraram exemplos de superação. Pela primeira vez, pessoas com deficiência competiram em uma prova oficial da Federação, na categoria ‘varinha no chão’.

Um dos participantes, Ronaldo Marques, 48, vítima de esclerose múltipla, começou a praticar equitação há três anos. Marques estava bastante emocionado por participar de uma prova da Federação Paulista de Hipismo. “É bom porque a gente participa de igual para igual”, comentou ao dizer que o cavalo transmite segurança, o que aumenta auto-estima de quem está em tratamento. “Depois que comecei a praticar, senti que meu equilíbrio melhorou e eu passei a me sentir mais útil”, disse. “Com as doenças, de uma hora para outra, você se vê sem nada, depois, você encontra estímulo para melhorar”, finalizou.

Após fazer o percurso, Gilmar Forte, 49, que tem seqüelas de poliomielite e pratica equoterapia há quatro anos, confessou que ficou ansioso por participar pela primeira vez de uma competição oficial com outros concorrentes. “Nem fiquei tão nervoso, a concentração me deixou mais tranqüilo”, disse. “Superei minhas expectativas, foi muito legal”, contou após a participação.

Juntamente com Gilmar e Ronaldo, outro praticante da equoterapia, Tiago Lira dos Santos, que tem alteração comportamental, também participou da prova. Thiago faz aulas há seis meses. Segundo Maria Eduarda Mourão, fisioterapeuta que atua no CADEE (Centro Apollo de Equoterapia e Educação Especial), a possibilidade dos deficientes poderem participar de provas oficiais é muito importante. “Chega uma hora que não podemos dar alta para os pacientes, então, a gente começa a ensiná-los para que eles possam participar de competições”, falou.

Entre uma participação e outra de seus pacientes, ela explicou que a equoterapia é um processo terapêutico, reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina e que usa o cavalo como recurso medicinal. “Ela pode ser trabalhada para diversos tipos de patologia e qualquer tipo de deficiência”, afirmou. “A equoterapia é fundamental e tem que ser incentivada”, comentou Nei ao falar das parcerias que iniciaram entre o CADEE e a Escola Manège ND.

Os três participantes especiais faziam parte de um grupo de 150 inscritos para a etapa, vindos de seis escolas de equitação da região. Entre elas, também estava Joyce Bueno Florencio, 16 anos, moradora de São Bernardo. A menina estava ansiosa, e não era para menos, a estudante ia concorrer em três categorias – 0,90, 1m e 1,10m. “Espero dar o meu melhor hoje”, disse.

Joyce começou na equitação há quatro anos, graças ao seu interesse por cavalos. “Eu gostava muito de cavalos, pedi então para minha mãe me matricular”. Após o período inicial e algumas quedas – um cavalheiro ou uma amazona está sempre preparado para algumas – durante os três treinos semanais, Joyce consegue ver futuro na equitação. “Quero seguir adiante nas competições, mas preciso ver se não vai atrapalhar meus estudos”, comenta ao falar que faz três por semana.

Pela idade, Joyce é uma veterana ao lado de Isabela de Abreu Monteiro, 8 anos. Mas só pela idade. No pódio, a pequena cumprimenta os dez primeiros colocados e sobe para receber a prata. Mas cadê o primeiro lugar? Opa, Isabela desce, repete os cumprimentos e sobe no lugar mais alto – resultado das duas participações dentro da modalidade iniciante 40 cm, cada vez com um cavalo diferente. Erguendo os dois troféus, mostra que o peso é ainda levinho para sua idade – que venha mais!

A mãe da pequena Isabela, Paula Marques, comentou que uma das partes mais interessantes do esporte é que, ao final, várias pessoas vão para o pódio. “Nem uma outra modalidade dá a oportunidade dos dez primeiros serem homenageados e isso é totalmente positivo, principalmente para as crianças”, comentou Paula ao dizer que, além de tudo, os praticantes têm a oportunidade de ter um contato bem próximo com os animais.

Para conferir a pontuação de cada participante, em cada modalidade, acesse o site www.fph.com.br, no link Notícias. Os interessados em participar de aulas de equitação na Escola Manège ND devem procurar o link do site www.aulasdeequitacao.com.br para inscrição ou entrar em contato pelos telefones (11) 4357-2655 e 9866-8186, falar com Neidson.

Outras modalidades 

Já estão abertas também as inscrições para as aulas de vela, dentro do campus do Instituto de Engenharia. A idéia é que outros esportes, como ciclismo, tenham espaço também para aulas. “A idéia é transformar o espaço do Instituto em um centro esportivo e incluir ainda outras modalidades esportivas como ciclismo, corrida, entre outros”, explicou Neidson Dias de Oliveira, da Manège.

Os interessados em participar das aulas de vela podem entrar em contato (11) 4358-1257.

Autor: Repórter Diário