Alternativas para o trânsito de São Paulo está em medidas de médio e longo prazos

O Trânsito na Região Metropolitana de São Paulo foi o tema da 5ª Mesa Redonda promovida pelo Instituto de Engenharia e que aconteceu ontem (15/04), em sua sede. 

O evento, que teve transmissão ao vivo, via internet, pela TVEngenharia, contou com a presença de quatro especialistas no assunto: Jaime Waisman, diretor da Sistran Engenharia, Adriano Murgel Branco, que foi secretário da Habitação e dos Transportes do Estado de São Paulo, Maria da Penha Pereira Nobre, membro do Conselho Estadual de Trânsito e, Pedro Szasz, consultor de Transporte, representando Francisco Moreno Neto, diretor técnico da TTC – Engenharia de Tráfego e de Transportes.

O tema escolhido para essa Mesa vem sendo discutido exaustivamente pelo poder público e pela mídia e foi lançado aos debatedores com abordagens feitas pelo presidente do Instituto de Engenharia, Edemar de Souza Amorim. Ele levantou questões como a criação de sistema de pedágio urbano, priorização da melhoria do transporte público e restrição de caminhões circulando em horário de pico, entre outras. 

Jaime Waisman foi o primeiro a fazer a explanação e focou o uso e ocupação do solo. Segundo ele, essa é a raiz de todos os problemas de trânsito que a cidade está vivendo hoje. Isso se deve por causa da realização de grandes projetos, como a construção de shoppings, em áreas muitos próximas sem que haja na cidade um plano de transporte de circulação. São vários empreendimentos em um mesmo local o que ´sufoca´ as vias de acesso. “Os planos de transporte teriam que ser feitos de maneira consensual , discutidos e realizados em médio e longo prazos”, disse Waisman.
Sobre o pedágio urbano, ele é contrário, pois acredita que as pessoas são obrigadas a usar o carro por falta de alternativa de transporte coletivo. 

Como um time
Maria da Penha Pereira Nobre citou que a alternativa como a diminuição das tarifas de táxi, poderiam ajudar na redução do trânsito, porém, segundo ela, só é possível implementar medidas ouvindo a sociedade. “Temos que formar um time, no conceito da palavra. Juntos conseguiremos mais, porém tudo a médio e longo prazos”, acredita Maria da Penha. 

Em concordância
Adriano Murgel Branco concordou com a opinião de Waisman sobre a ligação do uso consciente do solo e seus efeitos no trânsito. Mas ressaltou o transporte como um fator importante para o caos que a cidade vive hoje. Ele colocou alguns números que deixam essa condição evidente. 

Entre eles, o fato de 93% do transporte de mercadorias serem feitos por caminhões, 6,6% da massa populacional usar o transporte público, além do custo que a sociedade tem com os congestionamentos, que chega, atualmente, aos 30 bilhões de reais . “Com números como esses não temos como não dizer que já estamos no caos. Para mim, medidas como o Rodoanel são temporárias, pois daqui a algum tempo não vão resolver mais o problema.
São Paulo tem um instrumento poderoso que se chama Concessão Urbanística. Com ela o Poder Público poderia convocar a iniciativa privada para grandes realizações em busca de soluções permanentes, como transformar os 280 km da CPTM em 280 km de Metrô de superfície”, afirmou Murgel. 

Sobre o uso do automóvel, ele acha que não se deve restringir a sua utilização enquanto não há o que oferecer em termos de transporte público. “Temos que transformar aqueles 6,6 % em 60%“, concluiu. 

Em defesa do pedágio
Pedro Szasz acha que o uso das vias de trânsito até o limite deve ser inibido com o pedágio urbano. “Não sou a favor do pedágio para que a pessoa não possa usar o carro e, sim, para que ela continue podendo usá-lo. Com o pedágio, naturalmente, todas as outras medidas de melhoria ficariam possíveis”, finalizou. 

Durante mais de uma hora os especialistas responderam a perguntas da platéia e dos internautas. Entre as questões, a contribuição da facilidade de financiamento de automóveis para o caos no trânsito, o baixo custo da gasolina, a melhoria do transporte público e rodízio. 

Você pode conferir as respostas para essas e outras questões e, também, a íntegra da Mesa Redonda nos arquivos da TVEngenharia, a partir do próximo dia 23 de abril.

Autor: Isabel Dianin