Ferrovias brasileiras voltam a atrair engenheiros

Profissionais têm raciocínio lógico e são apaixonados por gente e tecnologia de ponta

Em uma obra, o capacete branco é o símbolo popular do engenheiro civil. Profissional de formação clássica, ele é capaz de elaborar, executar e fiscalizar a construção de prédios. Mas engana-se quem pensa nesse como o único destino de quem escolhe o curso.

Pontes, estradas, viadutos, torres, barragens e todo o tipo de estrutura fazem parte da carreira de status garantido há séculos. E mais: a cor do acessório é o de menos. O importante é encarar os cinco anos de estudo. 

Os engenheiros civis estão envolvidos em quase todo o processo produtivo. E são responsáveis por grande parte da evolução da sociedade. Para ele, a tecnologia é tão importante como a capacidade de lidar com as pessoas. Com um dos mais amplos currículos na área, o engenheiro civil não atua exclusivamente na área técnica, mas agrega às suas funções cargos em áreas como a gestão e o planejamento. 

– É essa a maior riqueza do curso. Ele permite que muitos colegas se dediquem a áreas complementares como a administração, a economia e a logística, assumindo postos de comandos em grandes bancos, por exemplo – diz Eduardo Giugliani, professor do curso na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). 

Na mais antiga escola de Engenharia do Estado, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o curso ainda é o mais procurado. Entre as 11 especialidades da escola, a engenharia pioneira (desde 1900) oferece o maior número de vagas. E continua desafiando os estudantes. 

– A evasão é alta, chega a 30% nos dois primeiros anos. Neste período, os alunos enfrentam oito disciplinas pesadas de física e matemática e acabam desistindo. Além disso, o aluno sente muito a mudança de realidade do colégio para a faculdade. As aulas na UFRGS são em diferentes lugares. Estamos tentando mudar isso, mas ainda é difícil pela estrutura dos laboratórios que estão espalhados 

– avisa o coordenador do curso, Alexandre Pacheco.
Depois desta fase, conta o professor, não há evasão. É quando entram as disciplinas de estradas, materiais, projetos, fundações, orçamentos e hidráulica que entusiasmam os estudantes. 

– É uma carreira muito boa, os alunos saem bem e a procura por estagiários é grande. Não deixamos eles estagiarem no primeiro semestre para não atrapalhar o curso – diz.
O assédio das empresas sobre estudantes de Engenharia Civil é comum nas universidades. E em algumas delas chega a atrapalhar a iniciação científica, atividade preterida por melhores salários oferecidos pelo mercado. 

– Os estágios oferecem mais que o dobro das bolsas. Temos sofrido por causa disso. Mas isso mostra que há muitas oportunidades – afirma o coordenador do curso da UFRGS.

Autor: Zero Hora