Motociclistas e motoristas aprovam a Faixa Azul

Projeto adotado em duas vias de São Paulo conseguiu zerar o número de mortes nos trechos, reduzindo significativamente os acidentes graves

Presidente do Sindicato dos Mensageiros, Motociclistas, Ciclistas e Mototaxista Intermunicipal do Estado de São Paulo, Gilberto de Almeida dos Santos. Foto: Deka Carvalho

Quando atuando de forma harmônica, a segregação no trânsito se transforma em uma solução eficiente para a pacificação entre os diversos modais. Com isso, é possível conquistar o principal objetivo, que é preservar vidas. Entre os exemplos, as faixas exclusivas para os ônibus e as ciclovias.

Recentemente, a implantação da Faixa Azul em duas vias de São Paulo trouxe mais uma vez à tona a relevância de promover ações práticas para solucionar problemas muitas vezes considerados complexos.

A ação – que teve início em janeiro de 2022 na Avenida 23 de Maio e depois seguiu para a Avenida dos Bandeirantes – conseguiu zerar o número de mortes de motociclistas nos dois trechos, reduzindo significativamente a quantidade de acidentes graves.

Por conta da eficiência da solução e da necessidade de planejar os próximos passos, a iniciativa foi debatida no evento Faixa Azul e Faixa Azul Segregada – Balanço da Experiência em Vias do Município de São Paulo, realizado pelo Instituto de Engenharia, na sede da instituição, na Vila Mariana, no dia 15 de junho.

Na ocasião, autoridades e especialistas conheceram e avaliaram detalhes do projeto, que agora aguarda autorização da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) para a expansão.

O objetivo da Prefeitura é conseguir implantar mais 200 Km de Faixa Azul até o fim de 2024, contemplando outras vias da cidade que necessitam de uma melhor organização para o bom convívio entre os modais

Aprovação dos usuários

A ampliação do projeto é uma expectativa também dos usuários. Presidente do SindimotoSP, Gilberto Almeida dos Santos, mais conhecido como Gil, disse que os motociclistas já reivindicavam há 20 anos a adoção de uma solução para a pacificação do trânsito.

A gestão pública acertou em cheio em buscar essa sinalização de solo chamada Faixa Azul. Os resultados apresentados comprovam que a ação diminui os acidentes, traz um equilíbrio ao trânsito e diminui o estresse aos motoristas e motociclistas”.

Segundo Gil, a delimitação do espaço da forma correta traz uma tranquilidade para os usuários, facilitando o bom convívio entre os diferentes modais. “Com o balizamento do trânsito, os carros se aprumam perfeitamente no seu espaço. Já o motociclista sente mais segurança quando entra na Faixa Azul”.

Para o presidente do SindimotoSP, a sinalização correta, a conscientização dos usuários e o limite apropriado da via formam um tripé importante para a redução dos acidentes. “A partir do momento que você sinaliza e define o espaço de cada um, você traz um equilíbrio, um conforto. E, automaticamente, vem a segurança.’’

Por conta dos benefícios para a preservação das vidas no sistema viário, Gil espera que a iniciativa seja ampliada em breve para outras vias de São Paulo. “Na hora que implantar em toda a cidade, que virar um conceito com conscientização e fiscalização para ambas as partes, acabarão os conflitos. É uma questão de educação no trânsito.

Aval dos motoristas

A Faixa Azul tem entre os seus princípios a readequação das vias para delimitar um espaço exclusivo para os motociclistas, mas sem reduzir a quantidade de pistas para os automóveis. Dessa forma, organiza melhor o trânsito e, consequentemente, reduz os acidentes e, também, os congestionamentos.

Por conta do bom convívio promovido, a iniciativa para os motociclistas também beneficia os motoristas. “Acho que ajuda a todos. Quem está andando de moto e de carro, aumenta a segurança do viário em geral. Afinal, há mais de um ano sem registrar mortes. Isso é um feito que a Prefeitura conseguiu que seria impensável há um tempo”, afirma Thiago Hidalgo, CEO do Consórcio 3C e um dos criadores do mobizapSP.

De acordo com ele, essa segregação é essencial para poder manter cada modal dentro de um fluxo específico e apropriado. “Isso é fundamental, é fantástico”.

Hidalgo destaca que o ponto principal da Faixa Azul é a proteção da vida. “Hoje as pessoas que estão mais suscetíveis a acidentes são os pedestres e os motociclistas. Colocando que aquela faixa é deles (motociclistas), eles estão de igual para igual”.

O criador do mobizapSP acredita que, agora, é importante também pensar em uma solução para as faixas de pedestres, garantindo uma proteção maior para todos. “Um trânsito mais seguro é melhor para todo mundo”, finaliza Hidalgo.

Para assistir à gravação do evento Faixa Azul e Faixa Azul Segregada – Balanço da experiência em vias do Município de São Paulo, acesse o site do Instituto de Engenharia.

Fonte: Estadão Blue