“No mês de abril, Nova Iorque sediou a primeira conferência sobre cidades flutuantes sustentáveis, sob patrocínio da ONU, e coordenada por Marc Collins Chen, CEO da OCEANIX; o professor Nicholas Makris, do MIT Center for Ocean Engineering; e Richard Wiese, presidente do Explorers Club. Para os organizadores, “as cidades flutuantes podem fazer parte do nosso novo arsenal de ferramentas. Por exemplo, por causa da mudança climática, as cidades estão cada vez mais em risco de inundações. Em Bangcoc, o terreno de algumas partes da cidade afundam cerca de dois centímetros por ano, segundo estimativas, enquanto o nível do mar no Golfo da Tailândia está subindo.“
Populações urbanas hoje
De acordo com os organizadores do evento, “as populações urbanas em crescimento estão empurrando cada vez mais as pessoas para perto da água.”
Mais de 50% da população mundial, estimada em 7.4 bilhões de pessoas, vive no litoral. “Em Lagos, Nigéria (pop. estimada em 7.9 milhões de pessoas) as classes pobres responderam à falta de terra, transferindo a crescente população para aldeias flutuantes nos arredores da cidade.” Obs: No Brasil ocorre o mesmíssimo problema, como todos sabemos. Seja em Santos, Rio ou Recife, assim moram milhares de pessoas.
Os desafios das cidades
Segundo o seminário, “os desafios enfrentados por essas e outras cidades são assustadores, mas não intransponíveis. No entanto, precisaremos de novas ferramentas e abordagens para enfrentar os desafios que teremos nas próximas décadas. As Cidades Flutuantes Sustentáveis nos dão a oportunidade de reimaginar como construímos, vivemos, trabalhamos etc.”
Alguns exemplos
“Cidades como Seattle, Jacarta e Cidade do México abriram caminho para os mercados de casas flutuantes por algum tempo.” O Mar Sem Fim lembra que há dezenas de resorts cinco estrelas, ou seja, para poucos, que utilizam a tecnologia das casas flutuantes incrementada com muito luxo.
O mar, aos poucos, começa a ser ‘colonizado. ‘Hoje, ilhas artificiais são construídas por vários países, seja para fins turísticos, ou geopolíticos. A questão seria conseguir um preço extremamente baixo para um determinado modelo de moradia, que pudesse ser aplicado aos casos das populações excluídas.
O modelo da Oceanix
No evento de Nova Iorque a empresa Oceanix apresentou alguns modelos. “A cidade seria constituída por inúmeras plataformas hexagonais que podem conter cerca de 300 moradores. Os hexágonos são considerados uma das formas arquitetônicas mais eficientes. Ao projetar cada plataforma como um hexágono, os construtores esperam minimizar o uso de materiais. Cada grupo de seis plataformas é considerado pelos designers como uma espécie de “aldeia”, que abarcaria 10 mil habitantes.
Esta ideia de cidades flutuantes, ou até mesmo aldeias submarinas já foram defendidas até mesmo pelo grande Jacques Cousteau. Projetos futurísticos, e caríssimos, portanto inviáveis até o momento, também já foram expostos mostrando como seriam.
Oceanix, modelo para cidades ricas
Os modelos que vimos desta empresa foram obviamente pensados para cidades e países ricos. A empresa promete o “cultivo oceânico”, que pressupõe o cultivo de alimentos sob a superfície da água. Gaiolas acima das plataformas poderiam colher vieiras, algas ou outras formas de frutos do mar. Os sistemas utilizariam resíduos de peixes para ajudar a fertilizar as plantas.
Segundo a Oceanix, “as estruturas seriam projetadas para resistir a todos os tipos de desastres naturais, incluindo enchentes, tsunamis e furacões de categoria 5. Literalmente, uma cidade flutuante e à prova de desastres.
Por estas explicações, vemos que as casas flutuantes seriam construídas em locais de água limpa, caso contrário não seria possível o cultivo da vida marinha. Mais um indicativo que o modelo foi pensado para países desenvolvidos.
Mas ele poderia muito bem ser adaptados às cidades mais pobres, de países em desenvolvimento. Quem sabe conseguimos diminuir a assombrosa quantidade de palafitas paupérrimas brasileiras?
Por João Lara Mesquita
Fonte Mar sem Fim