Os quatro grandes desafios para a engenharia automotiva

Vivemos uma era bem agitada para a indústria automotiva. Prestes a entrarmos na segunda década do século XXI, os engenheiros e as fabricantes têm uma série de questões para lidar daqui para frente, começando com formas mais limpas de propulsão até as novas modalidades de uso do carro, com destaque para a condução autônoma e sistemas de compartilhamento de veículo que estão ganhando cada vez mais força.

“A indústria está em transição. O nível de desejos e necessidades lá fora está mudando dramaticamente”, resume o vice-presidente de engenharia de powertrain da Ford, Bob Fascetti, durante um dos painéis do SAE International World Congress, evento da tradicional sociedade dos engenheiros automotivos que ocorre em Detroit, cidade norte-americana que reúne as principais fabricantes dos EUA.

Montadoras e fornecedores aproveitam o evento para discutir quais serão os rumos para a engenharia automotiva nos próximos anos, destacando tendências e pontos em que os profissionais precisarão estar mais atentos nos próximos anos.

Segundo alguns executivos presentes no congresso da SAE e ouvidos pelo Automotive News, a tendência do compartilhamento de automóveis e a eletrificação dos veículos serão as “duas forças disruptivas que irão mudar a forma pela qual engenheiros e designers se baseiam hoje em dia para criar veículos”, relata a agência de notícias norte-americana.

Ao longo do congresso, foram levantadas quatro grandes necessidades específicas que os carros do futuro deverão atender:

1 – Adaptação da arquitetura elétrica dos carros: os automóveis precisarão coletar, processar e transmitir um nível cada vez maior de informações: segundo a Delphi, dentro de dez anos os carros deverão ser capazes de movimentar um fluxo de informações 10 vezes maior que o atual. Isso será necessário inclusive para permitir o funcionamento dos sistemas autônomos de condução.

Outro dado interessante foi colocado pelo CEO da Intel, Brian Krzanich. De acordo com o executivo, um veículo autônomo vai lidar com um fluxo de informações da ordem de 40 terabytes ao longo de 8 horas de uso. Isso é o equivalente à soma de 416 filmes no Netflix de 90 minutos de duração, por exemplo. Ainda não está claro, contudo, como será a melhor forma de transmitir todos esses dados gerados pelos carros.

2 – Aumentar a durabilidade dos conjuntos mecânicos: companhias de compartilhamento de veículos estimam que esses carros poderão rodar até 20 horas por dia, o que vai forçar as fabricantes a repensar os projetos dos futuros conjuntos de motor e câmbio.

“Serviços de carona ou compartilhamento de veículos sujeitam os carros a um ciclo de uso mais severo e padrão que é diferente. O que veremos é uma tendência muito forte para as montadoras aumentar a durabilidade dos conjuntos mecânicos e, em alguns casos, desenvolver até motores e transmissões específicos para determinado tipo de aplicação”, explica Bob Lee, chefe de powertrain e conjunto de sistemas de propulsão eletrificados da Fiat Chrysler.

3 – Gerenciar a adoção de novos sistemas de propulsão: segundo os engenheiros reunidos do congresso da SAE, uma das grandes atribuições técnicas para os próximos anos será controlar a migração dos atuais motores a combustão para novas formas mais eficientes de propulsão, indo desde os hibridos até o uso de células de combustível.

“Uma das vantagens dos sistema de propulsão híbridos é que o motor a combustão pode trabalhar da forma mais eficiente possível”, destaca Fascetti, da Ford.

Além disso, também estamos notando evoluções notórias nos sistemas de transmissão. A Honda, por exemplo, apresentou o primeiro câmbio automático com 10 marchas destinado ao uso de modelos com tração dianteira. A novidade estreou na nova geração da minivan Odissey.

4 – Reduzir o tempo necessário para o desenvolvimento de um novo produto e reduzir custos sem perder a qualidade

Aqui veremos o uso cada vez maior de recursos como a impressão em 3D para facilitar o desenvolvimento de novas partes utilizadas nos futuros veículos. Os membros da indústria discutem até utilizar as impressoras 3D para viabilizar até mesmo peças de metal feitas diretamento nas máquinas.

Autor: Autoo