O futuro das trações alternativas para ônibus urbanos no Brasil

As alternativas de tração com combustível limpo para ônibus, sejam eles urbanos ou rodoviários, são muito promissoras. Há vários veículos rodando comercialmente e protótipos sendo testados mundo afora, utilizando tração puramente elétrica com baterias, sistemas por indução eletromagnética, supercapacitores, hidrogênio e híbridos. 

Como exemplo cito o projeto ZEUS que está sendo patrocinado por nove países europeus, para desenvolvimento de tecnologia elétrica em veículos sobre pneus com orçamento de cerca de EU$ 200 mi e que deverá estar concluído no próximo ano. 

Como exercício de futurologia, posso afirmar que, com certeza, em 10 anos nossas cidades estarão repletas de ônibus utilizando atração alternativa.Cada vez mais as restrições ambientais, a população e usuários exigirão comprometimento dos gestores públicos e dos concessionários,  para que haja um aumento na parcela de veículos sem emissão na atmosfera de CO2 e material particulado, visando a redução destes elementos prejudiciais à saúde humana. Assim a energia limpa será predominante no transporte sobre pneus e deverá haver uma redução substancial nos custos de internações hospitalares, propiciando uma melhoria e bem estar das comunidades, minimizando os custos socioambientais. 

Isto se dará, pois atualmente a velocidade da informação promove uma maior conscientização de nossa sociedade e, desta maneira, o setor de transportes terá uma parcela importante no encadeamento das responsabilidades socioambientais, para que haja um desenvolvimento sustentável no País. 

Acredito que em médio prazo haverá uma diminuição gradativa de utilização do óleo diesel na matriz energética na área de transporte, seja ela de passageiros ou de carga. A evolução rápida de tecnologias mais limpas de tração e a pressão exercida pela sociedade deverão exigir a substituição deste combustível fóssil, poluente e finito, que traz prejuízos à saúde humana. 

Haverá com certeza uma conscientização, por parte de nossos gestores públicos e concessionários de empresas de ônibus, de que o setor de transporte (que é responsável por quase 60% das emissões de gases poluentes na atmosfera – fonte CETESB) terá que dar a sua parcela de contribuição efetiva para a redução deste índice. 

Coordeno o Grupo de ônibus elétrico da UITP- União Internacional de Transportes Públicos para América Latina – e deveremos dispender enorme esforço de persuasão para vencer este grande desafio em substituir gradativamente a tração diesel por elétrica, pois envolve os setores de petróleo e sucroalcooleiro, muito estruturados, que não gostariam de perder fatia substancial deste mercado. 

Assim nosso grupo deverá realizar um trabalho contínuo de educação. Para isto, estamos programando um ciclo de cursos de esclarecimentos, para diversas comunidades, das grandes vantagens na utilização de energias alternativas de tração em veículos sobre pneus. Tais cursos considerarão conceitos de preservação do meio ambiente e serão focados principalmente nos benefícios que isto trará à saúde da população,com a substancial redução dos custos de hospitalização em tratamento de doenças respiratórias e outras derivadas das emissões dos gases. 

Além disto,deverão ser apresentadas as vantagens dos veículos elétricos em relação aos tracionados por combustível fóssil (diesel), pois os primeiros atingem perto de 100%da transformação da energia elétrica em tração, enquanto os últimos atingem apenas cerca de 35% de rendimento energético. 

Os custos dos veículos com tração alternativa, atualmente, ainda são muito elevados em relação aos tradicionais, pois o desenvolvimento desta tecnologia requereu pesquisa e desenvolvimento que foram incluídos no preço final. A partir do momento em que a demanda por estes veículos aumentar,estes valores serão diluídos e, com certeza, o preço será muito mais competitivo, atraindo os concessionários de transporte público, por representarem ganhos ambientais e energéticos. 

Para que esta transformação ocorra é muito importante o apoio dos bancos de fomento, como o BNDES, BID e BIRD, que deverão oferecer financiamentos diferenciados para aquisição de veículos com tração alternativa, a fim de colaborar com o esforço mundial de redução de emissões e do efeito estufa e, consequentemente,da melhoria da qualidade ambiental em nossas cidades.