O engenheiro e as lições que nossa classe pode tirar do processo da Lava-Jato, como marco divisório

Como todos têm acompanhado, está na crista da onda o processo empreendido pelo Ministério Público, para esclarecer a corrupção ocorrida na Petrobrás, veiculado em todas as mídias diariamente, envolvendo uma série de colegas de profissão. 

Assim, à luz de todos os fatos, analisemos o caso pontual da declaração de um deles, em depoimento prestado recentemente como réu em processo de delação premiada: “ Fiquei temeroso em perder o contrato”. 

Há longa data ouço colegas e a manifestação de entidades representativas do setor da engenharia de projetos, gerenciamento e obras afirmarem que as condições contratuais são inexequíveis em prazo e preço na maioria dos editais dos órgãos públicos contratantes. 

Quantas vezes engenheiros falaram em seminários que a lei 8666/93 está obsoleta, o regime diferenciado de contratação (RDC de 12.462 de 04/08/2011) é uma aberração e o pregão eletrônico não é indicado para contratação de serviços de engenharia. 

Fizemos alguma coisa contra isto? Sim! Fomos ouvidos? Não!
Então chegou a hora de dizermos alto e em bom tom, basta! 

Para elucidar meu raciocínio, relato que o Secovi em sua mensagem à nação, na última semana, enalteceu: ” Distanciamo-nos da ética…. temos que resgatar os princípios e valores inegociáveis começando por nossas próprias atitudes…. não há mais tempo a perder, temos que aproveitar este momento e transformar a nação. Este é o Brasil que merecemos. Este é o Brasil que queremos! ” 

Colegas engenheiros, todos aprendemos nos bancos escolares das universidades, a importância em mantermos a ética e a honestidade, com o intuito de encontrarmos as melhores soluções para os mais diversos problemas técnicos nos quesitos custo, prazo e qualidade, em nosso dia a dia da profissão. 

Não podemos nos vergar mais às imposições da falta de planejamento de empreendimentos, cronogramas vinculados a calendários eleitorais, concorrências predatórias entre as empresas com preços aviltantes na esperança de reversão em aditivos e nem permitir achaques com negociações espúrias em nossos contratos, como foi manifestado pelo nosso colega, que teve que participar do conluio para não perder o contrato. 

Pergunto: Este é o país que queremos para os nossos filhos e netos? Eu respondo não!
Portanto conclamo todos os colegas a saírem da inércia e a participarem em bloco deste momento, com grande afinco e dedicação em movimento uníssono em torno das entidades representativas da engenharia, a fim de que possamos resgatar os valores éticos e morais de nossa classe e do Brasil.