Poder público é o que mais prejudica bem-estar em SP, diz pesquisa

Uma pesquisa de bem-estar divulgada nesta terça-feira, 14, pela Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP) mostra que o cidadão paulistano está descontente com o município e com a atuação das diferentes esferas de governo. Mesmo assim, grande parte dos entrevistados se disse satisfeito com a vida que leva atualmente.

Dentre as dez variáveis contempladas pelo estudo, a que apresenta o pior nível de satisfação por parte dos cidadãos é poder público (1,8 de um máximo de 5), seguida de transporte e mobilidade (2,5), segurança (2,6), meio ambiente (2,8), educação (3), vida profissional e financeira (3,2) e saúde (3,3). Nas primeiras posições estão consumo (3,2 em máximo de 5), redes de relacionamento (3,6) e família (3,8), indicando que a sensação de bem-estar do paulistano basicamente é adquirida dentro de casa.

Na variável que mede como a população avalia o poder público, os itens com maior insatisfação são atuação dos vereadores, atuação dos deputados e atuação dos senadores. “O cidadão não se sente representado nem incluído”, afirmou Mauro Motoryn, presidente da rede social MyFunCity, que desenvolveu a pesquisa em parceria com a FGV-EAESP.

De acordo com o estudo, 7,1% dos entrevistados alegam estar totalmente insatisfeitos com a vida, 5% se dizem relativamente insatisfeitos, 29,6% se mostram indiferentes à satisfação com a vida, 28,8% alegam estarem relativamente satisfeitos e 29,6% indicam extrema satisfação – em porcentuais com casas decimais arredondadas.

Destes 29,6% que mostram alto nível de bem-estar, 50% fazem parte da classe C, 35% da classe B, 12% da classe D/E e apenas 3% da classe A. “Importante ressaltar que a satisfação é com a vida, e não com a cidade”, disse o professor Wesley Mendes, da

FGV/EAESP. “A população de São Paulo é uma das mais satisfeitas com a vida, mas reconhece a existência de problemas em diferentes áreas do município.”

Índice Brasil. O estudo na cidade de São Paulo foi realizado com 786 pessoas em novembro de 2013. Esta é a primeira etapa de um projeto da FGV-EAESP para desenvolver o Índice de Bem-Estar Brasil. “A intenção é expandir para todas as capitais e regiões brasileiras, de forma a obter um diagnóstico claro sobre o nível de bem-estar e a própria felicidade do cidadão”, disse o economista Fábio Gallo, professor da FGV-EAESP. Não há uma agenda exata, mas a expectativa é de que ao longo de 2014 sejam gerados dados em âmbito nacional.

Segundo Gallo, o projeto é inédito e pioneiro, pois se trata de uma pesquisa acadêmica independente com metodologia própria, voltada para mensurar as demandas dos brasileiros. Ele explicou que o Índice de Bem-Estar Brasil se diferencia de indicadores mais objetivos e voltados a questões macroeconômicas, como o Produto Interno Bruto (PIB) e o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), bem como de indicadores surgidos no exterior para medir a felicidade.

“Este novo índice nasceu pelo nosso questionamento sobre o comportamento e a visão do cidadão brasileiro, com suas características, sem usar uma pesquisa importada de outros locais”, afirmou.

Autor: O Estado de S.Paulo