SP troca faixas por corredores em 2014

Se 2013 foi o ano das faixas exclusivas para ônibus em São Paulo, 2014 será o dos corredores. O ritmo de inauguração das faixas deve cair já nas próximas semanas para dar lugar, ainda no primeiro trimestre, às obras prometidas na campanha do prefeito Fernando Haddad (PT), com corredores à esquerda e mais estruturados.

A mudança de rumo nos transportes foi adiantada pelo secretário Jilmar Tatto, em entrevista exclusiva ao Estado. A Secretaria Municipal de Transportes prepara um projeto de 234 km de corredores, dos quais 64 km devem começar a ser construídos até março, nas Avenidas Radial Leste, Aricanduva e 23 de Maio. A previsão é que fiquem prontos em dois anos.

A ampliação de faixas exclusivas foi uma resposta aos protestos de junho. “É fruto direto da ação dos estudantes”, afirmou. Até aquele momento, a meta era fazer 150 km de faixas durante toda a gestão. Depois, mudou para 220 km ainda em 2013. O ano fecha com quase 300 km de faixas em operação.

As vias exclusivas à esquerda, por outro lado, são bem mais trabalhosas, com a necessidade da elaboração de projetos executivos e obtenção de licença ambiental (parte delas já obtidas). Sem contar o custo. Em média, um quilômetro de faixa de ônibus à direita custou cerca de R$ 50 mil. No caso do corredor, esse valor chegará a R$ 29 milhões. “Os corredores envolvem todo um tratamento urbanístico, com reformas de calçadas e aterramento da fiação elétrica”, diz o secretário.

A verba virá de convênios com o governo federal. E ainda haverá um plano de ação para que as obras não travem ainda mais o trânsito.

A perspectiva da Prefeitura é de que as obras comecem logo após a aprovação da revisão do Plano Diretor, que está em discussão na Câmara Municipal. “Nas vias onde haverá corredores, prevemos um grande adensamento”, diz. A proposta é estimular a verticalização no entorno dos corredores.

Entre especialistas, a opção apontada para 2014 recebe mais elogios do que a adotada neste ano. “As faixas à direita não podem ser uma solução estrutural. Elas têm de ser parte de um processo de transição para um sistema mais organizado”, diz o mestre em planejamento urbano Ricardo Corrêa.

“Os corredores de ônibus têm de ser como as linhas troncais do metrô. Ali, há um mapa, onde você identifica os sistemas alimentadores, com ônibus e micro-ônibus. Não existe ainda um mapa dos corredores. Deveria haver”, afirma.

Conforto. Tatto promete ainda tirar do papel em 2014 promessas feitas no começo do ano, como aplicativos para avisar a localização dos ônibus e Wi-Fi em pontos e veículos. Fala também de ônibus com ar-condicionado, o que ainda deverá, segundo ele, ser discutido com a população, pois “nem todo mundo gosta”.

Mas tudo depende da licitação das linhas, estimada em R$ 46 bilhões, que deixou de ocorrer em 2013 por causa dos protestos. O processo só andará depois de passar por uma auditoria externa, exigida por Haddad, o que ainda não aconteceu.

Autor: O Estado de S.Paulo