Vexame nacional

Como sempre faz todos os anos, a entidade Transparência Internacional analisou 176 países para classificar onde a corrupção corre mais solta. Em países como a Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia, por exemplo, os índices são baixíssimos. Os mais corruptos são Afeganistão, Coréia do Norte e Somália. 

O Brasil continua dando vexame ao ocupar a 69ª posição. A corrupção continua sendo uma endemia nacional. Uma vergonha! Países latino-americanos como o Chile e Uruguai são apontados como menos corruptos que o Brasil. 

Conforme sempre aponta a entidade, a corrupção nos grandes projetos públicos é um dos maiores canais de desvio de dinheiro público e representa um enorme entrave para o desenvolvimento de um País. Os recursos roubados dos cofres públicos diminuem os investimentos em áreas vitais como saúde e educação e nas ações de combate à pobreza. 

É triste, revoltante e preocupante o que acontece com o suado dinheiro do contribuinte brasileiro entregue ao poder público. A classe média não agüenta mais pagar tanto imposto e ver que boa parte vai pelo enorme ralo da corrupção. Para piorar, sofre os terríveis efeitos do aumento da miséria causada pela carência de investimentos sociais. 

Em anos recentes, ações empreendidas pela Polícia Federal e Ministério Público desbarataram quadrilhas que atuavam em diferentes segmentos da vida pública. No entanto, parece que todo o impacto causado pela dimensão dos crimes apurados representa uma pequena fração das negociatas que ainda ocorrem no submundo da vida pública. 

O Brasil precisa empreender uma faxina gigantesca em suas instituições. É necessário combater esse tumor maligno impregnado na vida pública que é a corrupção. Não é possível que o brasileiro tenha que trabalhar mais de quatro meses no ano para abastecer os cofres públicos e uma minoria se aproprie de parte desses recursos de maneira inescrupulosa e sorrateira. 

O princípio da restrição orçamentária vale para qualquer agente econômico. Mais do que crescer, o 
País precisa resgatar uma enorme parcela marginalizada da população. Tudo isso demanda recursos que precisam ser aplicados de modo eficaz e eficiente. Com orçamentos públicos já insuficientes frente à grande demanda social, torna-se dramático investir com a corrupção comendo parte do dinheiro. 

Tanto a grande corrupção, que envolve somas vultosas como o superfaturamento de obras e as fraudes em licitações e concorrências, assim como a pequena corrupção, traduzida em valores relativamente baixos de subornos e propinas, condenam cada vez mais pessoas à miséria material, moral e intelectual. 

Em algum momento o Brasil terá que passar por uma faxina. A degradação moral dos que deveriam zelar pela eficiência na gestão pública e pela qualidade de vida do cidadão está contribuindo para a proliferação da violência e da ignorância.