Contra enchentes, Prefeitura fará túneis na Pompéia

A Prefeitura de São Paulo pretende construir 7 quilômetros de túneis para tentar diminuir os problemas causados pelas enchentes na região da Pompeia, na zona oeste da cidade. As vias subterrâneas, que devem ser usadas para reter água da chuva e aumentar a vazão dos Córregos Sumaré e Água Preta, fazem parte de um pacote de obras que prevê cinco piscinões também debaixo da terra.

Com previsão de dois anos, as obras na Pompeia devem custar aproximadamente R$ 143 milhões, segundo a Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb). A licitação já foi concluída e os serviços podem começar ainda neste semestre. Antes do início da construção, porém, o Estudo de Viabilidade Ambiental (EVA) precisa ser concluído e aprovado pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente.

As novas vias subterrâneas devem passar perto do Palmeiras e do Shopping Bourbon, áreas onde acontecem inundações hoje, e seguir sob a Avenida Nicolas Boer até o Rio Tietê. O primeiro trecho terá 3,7 km e vai da esquina da Rua Apiacás com a Avenida Sumaré até a Ponte Julio de Mesquita. A segunda galeria, de 3,3 km, começa na Rua Professor Rocca Dorsal e termina praticamente no mesmo lugar.

“A solução em túnel é indicada para locais onde a profundidade é muito grande ou a gente não pode abrir uma vala. Tem a vantagem de que não é preciso parar o trânsito”, afirma o superintendente de Projetos Viários da Siurb, Pedro Luiz Algodoal. “Hoje, as inundações atingem o Parque Antártica, o Sesc Pompeia e chegam a afetar a circulação dos trens. Esperamos que os túneis possam melhorar isso.”

Moradores da região, acostumados com as enchentes anuais, também esperam mudanças. O aposentado Waldomiro Simi, de 85 anos, diz ver a Rua Venâncio Aires inundar desde 1953. “Antigamente, quando me mudei para cá, era de terra e, mesmo que puxasse a água, tinha inundação. Depois de um tempo, a gente teve de fazer um muro para a água não entrar em casa”, afirma. Ele acha difícil que algo mude.

Também dona de um imóvel na Venâncio Aires, a aposentada Miriam Wenzel Bondesan diz já ter ouvido muitas promessas de obras antienchente. Segundo ela, as inundações estão ficando cada vez mais fortes. “Em 15 minutos a água sobe e não passa mais um carro aqui na rua. Se tem um carro estacionado, e eu sei de quem é, aviso para tirar antes. Já cansei de ver automóvel boiando por aqui.”

Piscinões

O subsolo também deve ser utilizado para amenizar os efeitos das chuvas na bacia do Córrego Cordeiro, que passa em Santo Amaro e Cidade Ademar, na zona sul da capital. O plano da Siurb é construir cinco piscinões subterrâneos de médio porte na região, além de um na superfície. As obras ajudariam a evitar enchentes no entorno das Avenidas Washington Luís, Professor Vicente Rao e Vereador José Diniz. Outra intervenção prevê interligar as galerias existentes. “Hoje, com as chuvas, algumas delas ficam sobrecarregadas e outras praticamente secas”, afirma a Siurb, em nota.

O chefe de gabinete da secretaria, Sérgio Krichanã, disse que espera que a Licença Ambiental de Instalação (LAI) seja concedida pela Secretaria do Verde ainda neste mês. A afirmação foi feita terça-feira, durante encontro sobre drenagem urbana organizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio). A partir da expedição da LAI, essas obras levam 18 meses para ficarem prontas.

PAC

Obras de outras três bacias foram incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), do governo federal. O acordo, que prevê uma contrapartida da Prefeitura de São Paulo em cada um dos investimentos, deve garantir pelo menos R$ 684 milhões para as obras dos Córregos Ponte Baixa, Zavuvus e Aricanduva. Das três, o único projeto iniciado até agora é o da Ponte Baixa, na área da M?Boi Mirim, na zona sul da capital. Os trabalhos devem acabar em 36 meses.

Autor: O Estado de S.Paulo