Ombudsman CET: desafios e projetos

Luiz Célio Bottura, desde o dia 26 de abril, é o Ombudsman da CET – Companhia de Engenharia de Tráfego –, ou seja, é um representante da sociedade para encaminhar ao poder público questionamentos e sugestões que servirão para realizar a prevenção de acidentes de trânsito. 

Engenheiro agrimensor pela Escola de Engenharia e Agrimensura de Araraquara e pós-graduado em Planejamento Territorial pela Escola Politécnica da USP. Bottura, no Instituto de Engenharia, é membro do Conselho Deliberativo, foi diretor de Transporte e Desenvolvimento Territorial, em 1990, e presidiu o Colegiado Técnico de 1992 a 1996. 

O engenheiro avaliou seus primeiros meses como ombudsman, “fui apoiado por todos, pela sociedade, pela imprensa e pela própria administração, é um trabalho muito criativo e motivante. Está difícil de superar dificuldades burocráticas porque a nossa velocidade de gerar ideias e projetos não é usual dentro do serviço público. Então, ainda há caminhos a serem percorridos”. 

Segundo Bottura, um dos principais problemas no trânsito da cidade é a sua formação anárquica praticamente constituída por obras irregulares, públicas e privadas, consolidadas por desastrosas leis de anistia. Outro problema é a falta de coragem dos administradores em introduzir inovações, a falta de educação dos agentes do trânsito, sem exceção, condutores, poder público e sociedade como um todo. “Os transeuntes em qualquer forma que ele esteja atuando na rua, no viário ou no espaço de uma maneira geral, é negligente, irresponsável e petulante. A culpa é sempre dos outros, e eles sempre têm razão”, explicou ele. 

O Programa de Proteção ao Pedestre teve início no dia 11 de maio, em uma área piloto da cidade, com sugestões do Instituto de Engenharia, em um evento conjunto com a Secretaria Municipal de Transportes de São Paulo. “Hoje já temos uma redução superior a 70% nos acidentes. Agora com as multas, isso poderá se alastrar muito mais. Nos primeiros quatro dias de prática das efetivas multas, na região piloto, que abrange a Av. Paulista e a região central de São Paulo, já atingimos praticamente 6 mil infrações”, afirmou o ombudsman. 

“Queremos eliminar da circulação todos os veículos que não passarem na inspeção veicular de segurança e de poluição, além de praticar uma política nacional de renovação da frota de veículos, com incentivos tributários para que as pessoas entreguem seus carros velhos ao poder público para reciclar e reaproveitar o que estiver em bom estado”. 

Além disso, o engenheiro disse que já sugeriu que todas as câmeras de televisão de circuitos fechados, públicos e privados, na área urbana de São Paulo sejam usados para emitir multas necessárias e possíveis de identificar sobre o viário paulistano. Outra mudança será em relação às bicicletas, que deverão ser obrigadas a terem placas e licenciamento na prefeitura. Da mesma forma, aplicar por normatização municipal as multas a pedestres como prevê o CTB – Código de Trânsito Brasileiro. Da mesma forma sugeriu a autuação das bicicletas e mais fiscalização das motocicletas. 

Já, nos veículos públicos de qualquer esfera do governo, deverá ser colocada a placa sobre o teto do carro, para que seja visível para as câmeras e pessoas em helicópteros. 

“Serão estudados também, outras formas de transporte, como corredores de ônibus e de VLP (Veículo Leve sobre Pneus) movidos por energia limpa, cuja fonte será solar, sem a participação do motorista e sem a presença do cobrador colocando sistema de catracagem para fora do veículo, embarque só com bilhete eletrônico. Sendo assim, todas as pessoas só poderão subir no veículo, depois de comprarem o bilhete automático em postos que devem ser espalhados pela cidade da maneira mais abrangente possível, como é hoje para carregar um celular pré-pago”, relatou Bottura. 

Outro projeto que está sendo desenvolvido pelo engenheiro é a criação de galerias, como as que existem hoje na Av. Paulista com a Rua Consolação, cujo objetivo é deixar o viário principal para transporte de passageiros, de coletivos, pedestres e a circulação dos veículos locais. Deve passar por dentro da galeria os automóveis e VUC -Veículos Urbano de Carga-, as motos e as bicicletas. “Esse projeto se completará por intervenções urbanísticas consorciadas, modelo que apresentamos e desenvolvemos junto com a equipe do Instituto de Engenharia desde a década de 80”, afirmou. 

Para ele, a CET não é somente uma Companhia de Engenharia de Tráfego, mas sim, um Colegiado de Educação Continuada aos Transeuntes. Bottura entende que o “Talonário do Marronzinho é a melhor cartilha de educação aos transeuntes. O meu objetivo é mudar comportamentos para preservar vidas e reduzir os acidentes. Também quero dar a frota de transporte coletivo uma fluidez mínima de 30 km/h e aos automóveis, de uma maneira geral, fluidez superior a 50 km/h.” 

Informar a sociedade é a função do ombudsman, para tanto e para melhorar os resultados no site do ombudsman será criado um cadastro dos usuários para que obtenham dados sobre as condições do trânsito, dos eventos e do desempenho da circulação, o objetivo é circular São Paulo, mote do Instituto de Engenharia. Para mais informações entre em contato: [email protected] , [email protected].

Outro plano de mobilização deverá acontecer nos estádios de futebol. Deverão ser colocadas desde o túnel até o meio de campo faixas de pedestres já modernizadas aos novos padrões para que os jogadores entrem em campo passando por elas e que simultaneamente haja transmissão no telão de mensagens de pessoas que já sofreram acidentes e de notórios de uma maneira geral, como ex-jogadores, atuais jogadores e comunidade.

Autor: Instituto de Engenharia