Programa da Poli/USP ensina gestão para empresas de projetos de arquitetura e de engenharia

Logo que se formam, muitos jovens engenheiros e arquitetos iniciam sua carreira profissional criando empresas de projetos em suas especialidades. Não demoram a descobrir, no entanto, que lhes faltam conhecimentos de gestão. Mesmo empresários com anos de atuação enfrentam o mesmo problema. Para ajudá-los a superar essa dificuldade, a Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) criou um programa de extensão e pesquisa que ensina técnicas de administração para essas pequenas firmas. O objetivo é promover o desenvolvimento gerencial delas, por meio da implantação de modelos de gestão. 

Trata-se do Programa de Desenvolvimento Gerencial para Empresas de Projeto (PDGEP), também conhecido como Soluções para Empresas de Projeto, criado pelos professores da Linha de Pesquisa em Gestão de Projetos, que faz parte do grupo de Tecnologia e Gestão da Produção na Construção Civil do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli-USP. Ele surgiu da constatação de que os egressos das faculdades de engenharia e arquitetura que montam empresas têm dificuldades para administrá-las. 

Segundo o professor Silvio Burrattino Melhado, coordenador do PDGEP, com o tempo os jovens empresários constatam que fundar uma empresa não é apenas conseguir um CNPJ. No começo, quando ela é composta apenas pelo dono ou por dois ou três sócios, os problemas até que não são tantos. “As dificuldades começam a aparecer com o tempo”, diz Melhado. “Como, por exemplo, se a empresa contrata funcionários, surgem os impostos e as questões trabalhistas. Além disso, à medida que são feitos contatos com clientes vão sendo geradas informações que precisam ser guardadas e administradas. É quando os novos empresários se dão conta de que não são administradores. Para piorar, a maioria das empresas são micro ou pequenas e não têm condições de contratar profissionais de gestão.” 

Os estudos que levaram à criação do PDGEP começaram em 1996, mas ele surgiu oficialmente em 2006. Segundo Melhado é um programa que une extensão e pesquisa. “No primeiro caso, a universidade participa de melhorias para a sociedade”, explica. “Do lado da pesquisa, analisando as dificuldades das empresas nós conseguimos entendê-las e criar soluções.” 

Na verdade, é um programa cooperativo entre a universidade e as empresas de projeto, com benefícios 
para ambas as partes. “Para a universidade, ele possibilita o desenvolvimento de pesquisas, alinhadas com as problemáticas setoriais”, explica Melhado. “Para as empresas, por sua vez, além do acompanhamento sistematizado na aplicação dos modelos de gestão, propicia a discussão de problemas gerenciais comuns a todas elas.” 

Foi o que percebeu a arquiteta Olimpia Kazuko Urushibata Miura, uma das duas sócias da pequena empresa Zarria e Olimpia Arquitetura e Planejamento Ltda, que participou do PDGEP em 2007. “Achei o tema do programa interessantíssimo, pois tinha tudo a ver com o que eu estava fazendo profissionalmente: tinha uma empresa de projetos, mas concretamente não possuía uma base formal e teórica sobre o assunto”, diz. “Aprendemos muito com o programa da Poli. Todos os módulos discutidos eram familiares, mas mesmo assim não tínhamos uma definição dos objetivos da empresa. Apenas produzíamos em atendimento aos clientes. Estávamos dançando conforme a música. Com o passar das soluções [do programa], aos poucos, fomos assimilando o conceito da gerência da empresa, definindo departamentos, atribuindo responsabilidades e traçando objetivos e metas.” 

Cada edição do programa dura um ano e podem participar no máximo 12 empresas. Nesse período, são realizadas de 10 a 11 reuniões anuais, às quais comparecem todas as firmas participantes. 

“Durante esses encontros, são realizadas apresentações referentes a modelos de gestão, promovendo a troca de experiências entre as empresas”, explica Melhado. “Além disso, há dinâmicas, solicitações de diagnósticos e tarefas a serem desenvolvidos no dia a dia de cada uma delas, resultando em alterações e desenvolvimento de sua estrutura de administração.” 

De acordo com ele, são dois modelos de gestão que são ensinados para os empresários. O primeiro é para pequenas empresas de projeto de edifícios, composto por nove módulos: planejamento estratégico; estrutura organizacional; gestão de custos; de recursos humanos e comercial e de marketing; sistema de informação; planejamento e controle do processo de projeto; serviços agregados ao projeto e avaliação de desempenho. O segundo modelo é de gestão da qualidade, composto por três estágios: preparação (caracterização da empresa, metas e descrição dos processos); Estágio 1 (relações com contratantes, documentação, comunicação); Estágio 2 (competências, processo de projeto, satisfação dos clientes e avaliação/melhoria). 

Até agora, já foram realizadas cinco edições do PDGEP, das quais participaram mais de 30 empresas de projetos de arquitetura, de instalações prediais, de acústica, de esquadrias de alumínio e de segurança contra incêndios. Entre os resultados obtidos por elas, Melhado cita o aumento da confiabilidade e a consequente redução de riscos, proporcionando entregas de projetos aos clientes no prazo e sem erros; melhor gestão de contratos; melhoria das relações entre empresas de projeto, contratantes e demais envolvidos no processo; e melhor capacitação dos colaboradores internos e externos.

Autor: Assessoria de imprensa