Da sala de aula para as pistas

O perfil dos consumidores de automóveis no Brasil vem mudando nos últimos anos. Se antes o brasileiro levava em consideração apenas a marca de sua preferência e o menor preço, agora, itens de segurança e a tecnologia empregada nos veículos têm ganhado a atenção do comprador na hora de decidir qual carro pôr na garagem. O que poucos sabem é que a tecnologia presente nos automóveis percorre um longo caminho até chegar aos consumidores finais. 

Se engana quem pensa que as inovações são desenvolvidas apenas nas fábricas e parques industriais dos grandes centros urbanos. Novas tecnologias podem surgir também nos laboratórios das universidades entre estudantes de cursos de engenharia. Um bom exemplo disso é o que acontece no Centro Tecnológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Alunos dos cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia da Computação e Ciência e Tecnologia participam de um projeto que consiste na criação de um minibaja – algo parecidocom um bugre em que só cabe uma pessoa.

O coordenador do curso de Engenharia Mecânica da UFRN, Sandi Itamar de Sousa, explica que todas as etapas do projeto denominado “Car-kará” são desenvolvidas pelos estudantes, desde as ideias iniciais até a montagem do veículo. “Esse projeto é um excelente laboratório para os alunos, pois se cria um ambiente semelhante ao das fábricas, onde é fundamental o trabalho de equipe. Todas as fases do projeto ficam sob a responsabilidade dos alunos, o que é muito importante para o amadurecimento profissional deles”, destaca.

Mais do que simplesmente montar um “carro”, os estudantes da UFRN também desenvolvem peças próprias para o baja. Partes da suspensão e a caixa de transmissão do veículos são produzidas no laboratório pelos alunos. “Melhor do que adaptar partes de outros carros é produzir as próprias peças aqui. Para os estudantes isso é importante para que eles tenham a consciência de que nem sempre o que se projeta no papel dá certo na hora da montagem. É um ótimo aprendizado para os futuros engenheiros”, reforça o coordenador.

A preparação do baja pelos alunos leva algo em torno de seis meses de muito trabalho. Segundo o capitão da equipe Car-Kará, Samuelson Vinícius, os estudantes ficam cerca de 15 horas semanais no laboratório durante o período de aulas. “Durante as férias, essa carga horária sobe para 40 horas por semana”, ressalta Samuelson. “Simplesmente o projeto é uma oportunidade de aplicação do conhecimento teórico, absorvido na sala de aula, na prática, fundamental para a formação dos futuros engenheiros e essencial na vida profissional. E, além do exercício dos conhecimentos de engenharia, o projeto ainda proporciona o contato com o trabalho em grupo, com graus de hierarquia distintos dentro do projeto, transformando-se em uma simulação bem realista da indústria”, completa o estudante.

Autor: Diário de Natal