Futuros engenheiros de pesca discutem papel do profissional

O papel do engenheiro de pesca no desenvolvimento região do Baixo São Francisco foi tema de palestras proferidas na quarta-feira, 14 de dezembro, pelos engenheiros de pesca da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) Alexandre Delgado e Eduardo Motta. O evento comemorou o dia desses profissionais (14/12) numa promoção da Unidade de Ensino de Penedo (AL), integrante do Campus Arapiraca da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em parceria com a Aqua Jr Planejamento e Consultoria Aquícola, empresa júnior do curso de Engenharia de Pesca da Ufal.

De acordo com Talita Espósito, professora da Unidade de Ensino da Ufal em Penedo, a ideia de realizar o evento partiu da comunidade acadêmica da unidade, estudantes e professores.”As palestras têm o objetivo de promover o profissional, ao mesmo tempo em que realizamos uma reunião para comemorar seu dia”, declarou.

Durante o evento, também foi inaugurado o Laboratório de Tecnologia de Pescado, sob responsabilidade da professora Talita Espósito. O laboratório, que integra a estrutura do curso de Engenharia de Pesca, irá disponibilizar tecnologia para melhoria da qualidade nutricional do pescado, estimulando seu consumo e agregando valor ao produto. Além disso, o laboratório atuará realizando, por exemplo, avaliação microbiológica de alimentos e controle de qualidade e criando tecnologias de produção e armazenamento para ser transferida ao mercado produtor.

ENGENHARIA DE PESCA NA CODEVASF

As palestras foram iniciadas com o engenheiro de pesca da Codevasf Eduardo Motta. Em sua exposição, ele apresentou um panorama da inserção desses profissionais na companhia a partir da criação do Programa de Piscicultura da empresa pública no final da década de 1970 como estratégia de desenvolvimento regional do vale do São Francisco. “O Estado de Alagoas foi um dos beneficiados com a criação do programa já que uma das primeiras estações de piscicultura da Codevasf foi criada no município de Porto Real do Colégio, a antiga Estação de Piscicultura de Itiúba. Isso me proporcionou, inclusive, estagiar na companhia quando eu era estudante”, afirmou.

Eduardo Motta acrescentou que os investimentos realizados pela Codevasf nas áreas de aquicultura e recursos pesqueiros em todo Brasil fortalecem o profissional da engenharia de pesca. “Atualmente a companhia está modernizando suas estações de piscicultura, que agora irão atuar de forma integrada, tornando-se centros integrados de recursos pesqueiros e aquicultura, em um projeto inovador e arrojado que pretende impulsionar a área, assim como a Codevasf fez no início da década de 1970”, declarou a uma plateia lotada de futuros engenheiros de pesca. Ele ainda apresentou um dos maiores investimentos da companhia em Alagoas: o Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Itiúba (Ceraqua São Francisco), resultado da modernização da antiga estação de piscicultura.

Já o também engenheiro de pesca Alexandre Delgado, chefe da Unidade de Desenvolvimento Territorial da Codevasf em Alagoas, parabenizou a iniciativa da Ufal em realizar o debate e lançou questionamentos aos estudantes para que eles mostrem o papel do engenheiro de pesca no desenvolvimento regional. “O curso ainda é relativamente recente em Alagoas. No entanto é importante que as primeiras gerações de engenheiros de pesca formados aqui discutam e transmitam esse papel às novas turmas que serão formadas. Qual será esse papel e onde ele está inserido?”, questionou.

Para ele, uma das demandas urgentes que deve ser exploradas na formação desses futuros profissionais é o estímulo ao empreendedorismo. “Vocês precisam desenvolver seu espírito empreendedor. Buscar as demandas. Para que vocês possam ter uma ideia, não existe em Alagoas empresa especializada em licenciamento ambiental para piscicultura em tanques rede”, afirmou Alexandre Delgado.

As colocações do chefe da Unidade de Desenvolvimento Territorial da Codevasf em Alagoas foram completadas pelo professor do curso de Engenharia de Pesca Igor Oliveira. “Temos demandas por projetos, consultorias e difusão de tecnologia. O que falta é iniciativa. Existem diversas instituições que estão com linhas de financiamento abertas, faltando apenas os projetos. Área para atuação do profissional certamente não falta”, declarou.

As colocações também foram reforçadas pelo presidente da empresa júnior Aqua Jr, Jaime Pereira. “Hoje temos a falta de aptidão como um dos gargalos para a concessão de financiamentos na área de aquicultura. Existe aptidão melhor que a formação de um engenheiro de pesca?”, questionou. Para ele, o melhor caminho para a consolidação do papel do engenheiro de pesca no desenvolvimento regional passa obrigatoriamente pelo empreendedorismo dos profissionais e a empresa júnior do curso tem papel de destaque nesta estratégia.

Autor: Aqui acontece