Como resgatar um cargueiro naufragado com milhões em BMWs, Saabs e Volvos

O MV Tricolor, um navio cargueiro de 55.000 toneladas, de bandeira norueguesa, afundou no Canal da Mancha em 2002 carregando 2.871 Volvos, Saabs e BMWs, com um valor total estimado em cerca de US$ 100 milhões. Como resgatar um navio tão grande? Comece com uma serra gigante.

No dia 14 de dezembro de 2002, o MV Tricolor colidiu com outra embarcação, o Kariba, e enquanto o Kariba pôde seguir viagem, o MV Tricolor afundou em uma movimentada rota de navios comerciais – pouco abaixo da superfície, a 30 metros de profundidade. Nas duas semanas seguintes, a carcaça submersa foi atingida por nada menos que três outros navios, apesar da sinalização e da proteção policial no local. Com o navio sob uma rota movimentada, ele precisava ser removido. 

A partir de 2003, a empresa holandesa Smit International começou uma cuidadosa e incrível operação de resgate. Pequenos destroços podem ser içados do fundo do mar usando os mais diversos métodos, mas devido ao peso do MV Tricolor, era preciso fatiá-lo ainda no fundo do Canal para que suas partes fossem erguidas. Como cortar algo que está a mais de 30 metros sob as águas? O processo usa um par de equipamentos estabilizados e um fio de corte bem reforçado.

Utilizando um sonar e dados de posicionamento do GPS, a equipe criou um mapa tridimensional do navio e planejou oito cortes, formando um total de nove seções, cada uma pesando entre quatro e seis mil toneladas, para que pudessem ser içadas pelos guindastes. Com os dados, os dois equipamentos foram colocados nas laterais do navio. O cabo, que é revestido em um material chamado de WIDIA, comparável ao diamante em dureza, foi ligado entre os dois equipamentos, por baixo do navio. Usando guinchos e recolhendo gradualmente o cabo, ele agiu como uma serra gigante, indo e voltando, lentamente fatiando o navio de baixo para cima. Tudo o que estava dentro passou por isso, desde a sala dos motores aos carros no compartimento de carga. 

As peças gigantescas foram içadas do fundo e colocadas em uma barcaça flutuante, para serem transportadas para o porto de Zeebrugge e triadas para reaproveitamento. Quando os pedaços maiores foram removidos, utilizaram equipes para remover os destroços restantes e os carros que caíram durante o processo.

No final, o resgate completo foi terminado em cerca de um ano. Todos os veículos foram destruídos e as perdas chegaram a um montante próximo dos cem milhões de dólares. Como consolação, ficamos com fotos incríveis de um navio e os carros fatiados em seu interior. 

Autor: Jalopnik