Célula solar de baixo custo ganha o Grande Prêmio Millennium Tecnologia 2010

A comissão julgadora do prêmio, que é outorgado pela fundação Academia de Tecnologia da Finlândia, considerou que um dos grandes desafios da humanidade é encontrar uma alternativa aos combustíveis fósseis. Como a fonte primária de energia é o sol, donde se originam todos os recursos energéticos do planeta, justifica-se premiar um invento como o do professor Grätzel. Ainomaija Haarla, diretora gerente da instituição, afirmou durante a divulgação do resultado que “o grande obstáculo da energia solar tem sido o seu preço elevado. As células de Grätzel oferecem um alternativa mais econômica para colocar a energia solar a serviço do homem. A inovação de Grätzel provavelmente terá uma grande aplicação em fontes de energias renováveis e, portanto, na promoção do desenvolvimento sustentável”. 

Em 1991 Michael Grätzel, que é suíço, inventou sua primeira geração de célula solar construída com materiais baratos e a partir de um processo de fabricação muito simples. Sua estrutura apóia-se em dois eletrodos planos e um pigmento que, em contato com a luz, gera elétrons. Um dos eletrodos é um vidro condutor de eletricidade e o outro é um composto de nanocristais de dióxido de titânio depositados sobre um vidro condutor. 

O princípio de funcionamento da célula é, aparentemente, simples: A luz solar passa através do primeiro eletrodo e é absorvida pelo pigmento do segundo eletrodo; a molécula do pigmento, em contato com a luz, sensibiliza um elétron que se move em direção à banda de condução gerando uma corrente elétrica.
Para os jurados do Millennium, esta tecnologia poderá ser empregada na produção de hidrogênio e na elaboração de pilhas e baterias, componentes importantes para suprir as necessidades energéticas do futuro. 

Ainda em fase de desenvolvimento, as células de Grätzel poderão ser uma alternativa econômica para substituir as células solares de silício. Uma das aplicações poderia ser a fabricação de janelas que armazenariam energia solar, além de painéis muito mais baratos dos que os atuais. O Grande Prêmio valeu 800.000 euros ao professor Michael Grätzel. 

Para construir uma célula do tipo que ganhou o Millennium não precisa muito. O próprio inventor dá as dicas e os ingredientes, que podem ser extraídos até mesmo de frutas silvestres.
As premiações do Millennium acontecem a cada 2 anos, desde 2004. Dois outros trabalhos foram premiados nesta edição. Ambos, que também estão orientados para o desenvolvimento sustentável e a eficiência energética, receberam 150.000 euros cada. 

O primeiro deles, os LEDs (Light Emitting Diodes – Diodo Emissor de Luz) orgânicos, uma inovação do Professor Sir Richard Friend, representam um marco crucial na eletrônica plástica. Papel de parede eletrônico para iluminação, composto por células solares orgânicas, é um dos exemplos de aplicação futura deste trabalho. Friend é professor de física na Universidade de Cambridge.
Stephen Furber, professor de Engenharia da Computação na Universidade de Manchester, é o principal projetista do microprocessador ARM 32-bit RISC, uma inovação que revolucionou a eletrônica móvel. O processador permitiu o desenvolvimento de dispositivos portáteis mais potentes. 

O Prêmio Millennium de Tecnologia, segundo seus organizadores, é um tributo da Finlândia às inovações tecnológicas que trazem maior qualidade de vida às pessoas em todo o mundo. As indicações ao prêmio são feitas por instituições acadêmicas, institutos de pesquisas e organizações industriais.

Autor: Millennium prize