Uso da biotecnologia garante US$ 3,6 bilhões à agricultura brasileira, aponta novo estudo da Céleres

A Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) apresenta hoje, 6/4, em coletiva de imprensa em São Paulo, os resultados de um novo estudo que analisa os impactos da biotecnologia na agricultura no Brasil. Realizado pela consultoria Céleres, o estudo desse ano, referente à safra passada (2009) trouxe novidades em relação à edição de 2008 (referente à safra anterior), sobretudo pela inclusão das avaliações das lavouras de milho transgênico, que começaram a ser cultivadas em larga escala no último ano. Segundo o estudo, essa tecnologia gerou ganhos de US$ 3,6 bilhões para o setor agrícola nacional.

“Os resultados apontam que as lavouras transgênicas trazem benefícios econômicos e, ao mesmo tempo, benefícios socioambientais para o País, o que contribui com a sustentabilidade do agronegócio”, explica Anderson Galvão, diretor da Céleres e responsável pelos aspectos econômicos do estudo. A partir de entrevistas e análises de 360 produtores em 10 estados brasileiros no segundo semestre de 2009, o estudo considerou culturas de soja tolerante a herbicida (soja TH), algodão resistente a insetos (algodão RI) e milho resistente a insetos (milho RI). Além disso, consolidou os resultados das últimas 12 safras até 2008/09 e, a partir desses dados, foi elaborada uma projeção para os próximos 10 anos.

Defensor da adoção de novas tecnologias na agricultura, o presidente da Abrasem, Ywao Miyamoto, considera vital o acompanhamento de seus resultados. “Sozinha, a tecnologia não traz benefícios se o agricultor não utilizar todas as ferramentas disponíveis para a agricultura corretamente, como defensivos, equipamentos e fertilizantes. No caso das sementes, estamos constatando que o produtor aderiu à biotecnologia de forma consciente”, observa o presidente da entidade nacional de sementes. O acompanhamento do uso dos transgênicos vem sendo feito anualmente pela Céleres para a Abrasem desde a safra 2006/07. “A importância desse acompanhamento se deve ao fato da tecnologia transgênica estar inserida na semente, que é a base da agricultura brasileira”, ressalta.

“A agricultura brasileira está se tornando cada vez mais sustentável ao se beneficiar das mesmas vantagens socioambientais observadas nos demais países que adotaram a biotecnologia agrícola”, destacou a bióloga Paula Carneiro, responsável pelos aspectos socioambientais do estudo. Em 2009, o Brasil atingiu o segundo lugar mundial em cultivo de transgênicos, com 21,4 milhões de hectares, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Benefícios econômicos e socioambientais

Considerando o período entre as safras 1996/97 e 2008/09, os benefícios econômicos obtidos pela área de agrobiotecnologia, incluindo agricultores e indústria detentora da tecnologia, atingem US$ 3,6 bilhões, de acordo com o novo estudo. Por ser a cultura que adota a biotecnologia há mais tempo, a soja responde por 78% desse total, seguida pelo milho, com 18%. É preciso destacar que a biotecnologia só foi adotada para o plantio de milho na safra 2008/09. O algodão responde por 4% dos US$ 3,6 bilhões.

Milho GM garante ganho de produtividade 

Principal novidade do estudo deste ano, as lavouras de milho resistente a insetos ajudaram a elevar ainda mais os benefícios potenciais do uso da biotecnologia na agricultura. Guilherme Lopes, que planta soja e milho em Itumbiara, Goiás, é um dos produtores que participaram do estudo este ano. Ele conta que os melhores resultados foram obtidos com o milho RI, com produtividade 20% superior à observada com o milho convencional. Também não foi necessário fazer nenhuma aplicação de defensivos nas lavouras GM, enquanto nas convencionais precisou fazer três aplicações. “Nas últimas experiências com transgênicos me senti muito satisfeito e a biotecnologia atendeu as minhas expectativas, principalmente na questão de incremento de produtividade. Com a biotecnologia, sinto que podemos ser mais competitivos no mercado”, declara o produtor.

Autor: Abrasem