Monsanto lançará até quatro variedades de cana em 2010

A Monsanto, por meio da CanaVialis, uma das líderes no melhoramento genético de cana-de-açúcar no mundo, se prepara para lançar ainda neste ano de três a quatro novas variedades da planta. Segundo Ivo Fouto, diretor-geral da companhia, os produtos são desenvolvidos exclusivamente para atender às necessidades dos clientes que variam de acordo com a região de plantio, tendo como pano de fundo o trinômio: rentabilidade, produtividade e resistência.

“O maior diferencial da companhia é o alto grau tecnológico que permite a criação de variedades superiores às existentes no mercado”, afirma Fouto.

A novidade do programa de melhoramento genético da CanaVialis, que conta com a parceria da empresa de biotecnologia da Alellyx desde 2003, está no uso dos marcadores moleculares.

Os marcadores moleculares são estruturas presentes no DNA dos organismos vivos – inclusive da cana-de-açúcar – que, uma vez sequenciados, tornam-se uma espécie de impressão digital da planta. A partir disso, é possível descobrir, de maneira mais rápida, quem é o pai responsável pelos melhores resultados (produtividade e resistência) em um cruzamento entre uma fêmea e vários machos.

“Um programa convencional de melhoramento genético demora em torno de 12 anos a 14 anos para que uma variedade nova seja lançada. Conseguimos, por meio desses marcadores, reduzir esse tempo para entre seis e sete anos”, explica Fouto.

A CanaVialis possui patente dos marcadores moleculares por ela encontrado no Brasil e em alguns países de interesse, entre eles Estados Unidos, Austrália e África do Sul.

A próxima etapa do processo para otimizar ainda mais a qualidade da cana-de-açúcar, segundo Fouto, é fazer o cruzamento do melhor pai identificado com a mãe para, dessa forma, reproduzir a variedade encontrada.

Para se ter uma ideia, um cruzamento convencional gera em torno de 3 mil novas variedades. No entanto, com as novas tecnologias, esse número é reduzido para dois a quatro no período de aproximadamente sete anos.

Ainda de acordo com Fouto, o melhoramento genético feito pela CanaVialis está em linha com a modernização das usinas, que têm investido em novos maquinários para otimizar a produção. A safra 2009/2010 registrou um crescimento de 6,85%, o equivalente a 28,53 milhões de toneladas. “O maquinário moderno que vem sendo utilizado no campo necessita de variedades de cana mais apropriadas para esse tipo de mecanização”, afirma Fouto.

Atualmente, o Brasil é o maior exportador de açúcar do mundo, além de liderar a produção de álcool combustível, que já absorve 57,13% de toda a cana-de-açúcar produzida no País.

Áreas de expansão

O programa de Melhoramento Genético do grupo Monsanto é fortemente voltado para as novas áreas de expansão, que são regiões produtoras de cana-de-açúcar com solos pobres em nutrientes, com baixo índice pluviométrico e temperaturas elevadas. Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás são alguns dos estados que apresentam tais características. “Muitas dessas áreas eram pastagens antigas e, por isso, precisam de material genético que se adapte a certas condições desfavoráveis”, diz Fouto.

Em setembro do ano passado, a CanaVialis lançou a primeira variedade de cana-de-açúcar para o mercado brasileiro, o chamado CV Pégaso. O produto tem boa capacidade de brotação e alto índice de resistência às principais doenças instaladas nas lavouras.

Outro diferencial que marca os produtos da CanaVialis, segundo Fouto, é o modo de implementação no cliente. Antes de fechar qualquer negócio, a companhia costuma plantar em uma área da lavoura a sua variedade a fim de compará-la com a cana já utilizada na fazenda.

“É por meio do teste de competição que provamos para o cliente a maior produtividade e resistência da variedade produzida. Dessa forma, a substituição vai sendo feita aos poucos”, explica o diretor-geral da companhia.

O montante investido no programa não foi divulgado pela companhia. Entretanto, Fouto garante que já possuem uma participação no mercado brasileiro bastante expressiva.

Autor: DCI