Com chuvas fortes, pedidos de podas de árvores crescem 30% em SP

Solicitações subiram de 17.400 para 23.166 nos primeiros meses do ano.
G1 encontrou árvores curvadas e galhos em calçadas da capital paulista

As chuvas fortes dos últimos meses provocaram a queda de muitas árvores na capital paulista. E o mau tempo teve reflexo nos pedidos de jardinagem (poda de árvores e corte de mato) registrados pela Prefeitura de São Paulo. Dados da Secretaria de Coordenação de Subprefeituras mostram que as solicitações do serviço cresceram 30% nos dois primeiros meses de 2010, se comparado com o mesmo período do ano passado.

Em janeiro e fevereiro de 2009, foram feitos 17.400 pedidos de podas no serviço de atendimento da Prefeitura. Neste ano, no mesmo período, as solicitações saltaram para 23.166. A maior parte delas em fevereiro: 12.045 pedidos. Muitas árvores caíram na cidade durante esse mês. Dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) indicam que a primeira semana de fevereiro registrou uma média de 80 quedas de árvores por dia.

Até o fim do mês passado, funcionários da Prefeitura realizaram 10,7 mil podas na cidade. Em todo o ano passado, foram 136,4 mil serviços do tipo. Segundo a secretaria, além dos pedidos dos paulistanos, as subprefeituras realizam diagnósticos em algumas áreas para avaliar a necessidade de remoção.

As árvores que resistiram aos primeiros meses do ano guardam as marcas das fortes chuvas que castigaram a cidade. O G1 percorreu alguns bairros da capital paulista e encontrou árvores curvadas e galhos espalhados por calçadas, muitos deles resultados de podas. Todos os casos foram enviados à assessoria da secretaria na tarde da terça-feira (2). Eles foram repassados às subprefeituras de Pinheiros, Lapa e Vila Mariana.

Na Alameda Casa Branca, perto do cruzamento com a Alameda Santos, na região dos Jardins, uma árvore está curvada em direção à rua. A vendedora de lanches Margarida Motta, de 46 anos, trabalha em frente à árvore, do outro lado da via, e disse que a planta desceu um pouco mais após as chuvas fortes. “Encurvou mais por causa da chuva. Essa árvore precisa ser retirada porque os caminhões-baú batem ali”, contou, sobre veículos maiores que trafegam na faixa da esquerda. No tronco, há marcas que podem ser das colisões. 

Na Alameda Santos, perto da Alameda Ministro Rocha Azevedo, na mesma região da cidade, uma árvore já podada tem o tronco tombado também em direção à rua. As raízes da planta danificaram a calçada.

A Subprefeitura de Pinheiros, responsável pela região, disse que a árvore da Alameda Santos caiu na semana passada e foi retirada do local, ficando apenas o que chamou de “toco”. Como os serviços na região precisam de apoio da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), a remoção total está programada para o próximo sábado (6). Em relação à árvore na Alameda Casa Branca, não foram recebidos pedidos de poda, mas um engenheiro agrônomo fará uma vistoria no local.

Na Rua Cubatão, na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, outro problema. Galhos da poda de uma grande árvore ocupam a calçada e prejudicam a passagem dos pedestres pelo local. Segundo a Subprefeitura da Vila Mariana, os trabalhos de remoção dos galhos começaram na noite desta quarta-feira (3), com conclusão prevista para esta quinta-feira (4).

Dono de uma banca de jornal do outro lado da rua, Jorge Makio, de 52 anos, disse que a remoção dessa árvore é uma demanda antiga dos moradores e comerciantes da área. “Está podre por baixo, condenada. Eles [funcionários da Prefeitura] estão cortando aos poucos, há umas três semanas”, afirmou. Segundo ele, antes da poda os galhos da árvore cobriam a rua. “Já caíram galhos e amassaram carros.”

Na esquina da Rua Paris com a Rua Doutor Paulo Vieira, na Pompeia, Zona Oeste de São Paulo, galhos de árvores ocupam toda a calçada, dificultando a passagem de pedestres. Situação semelhante foi encontrada pela reportagem do G1 na Rua Pio XI, no Alto de Pinheiros, na mesma região da cidade.

A Subprefeitura da Lapa informou que a árvore da Rua Paris estava em um terreno particular e que encaminhou o caso ao setor de fiscalização. O proprietário será intimado a apresentar a autorização da poda e, caso não possua, pode receber uma multa. A subprefeitura diz que irá tomar as devidas providências de fiscalização, orientação e limpeza do local. Em relação aos galhos na Rua Pio XI, será feita uma vistoria no ponto.

Podas

Apenas a Prefeitura pode efetuar a poda de árvores na cidade, tanto em quintais quanto em vias públicas, após a análise de engenheiros agrônomos. Eles verificam qual é a espécie em questão, a idade, a longevidade e o atual estado da árvore – se está doente ou com alguma praga, por exemplo. O especialista define o tratamento adequado para cada caso. A multa por poda irregular é de R$ 460,45.

Segundo Cyra Malta, engenheira agrônoma da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, os paulistanos precisam de autorização para retirar árvores das calçadas ou até mesmo das propriedades privadas porque elas são protegidas por lei. “A vegetação do município é um bem comum, ela é protegida. Não é porque está no seu quintal que pode fazer o que quiser”, afirmou. Em caso de árvores abatidas, a multa depende do porte da planta e varia de R$ 276,27 a R$ 1.105,08 por muda.

Para evitar problemas com plantios de espécies inadequadas e incentivar a arborização na cidade, um projeto da Prefeitura orienta a população sobre a melhor árvore para ser cultivada em calçadas ou quintais, dependendo do espaço disponível. O paulistano pode ir aos viveiros municipais, levar as características da área onde pretende plantar, e um engenheiro agrônomo irá dar indicações sobre a melhor espécie. O morador pode plantar uma árvore em sua calçada, desde que respeite as orientações.

“Seja para plantar na frente de casa ou no quintal, é importante lembrar que as árvores ficam adultas. Por isso, a gente elaborou um manual com as normas para definir o porte da árvore que cabe em uma calçada”, disse Cyra. Os paulistanos que aderirem ao projeto assinam um termo de responsabilidade, em que indicam o local exato do plantio da árvore e se comprometem a seguir as orientações técnicas para o desenvolvimento dela.

Os engenheiros agrônomos proíbem a plantação de árvores como abacateiros ou mangueiras nas calçadas, porque os frutos podem levar um pedestre a escorregar, por exemplo. Há características específicas para plantações em vias públicas. “A gente indica uma árvore com a madeira mais densa, para evitar cupim, e com um período de vida mais longo”, afirma. Há mais de 90 espécies de árvores cultivadas nos viveiros municipais. Saiba mais sobre o projeto no site da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente.

Autor: G1