Há solução para o problema das enchentes em São Paulo?

Ampliação dos sistemas de retenção e ações integradas são sugestões.
G1 encerra nesta sexta série sobre causas e efeitos da chuva na capital

desassoreamento dos rios, a ampliação dos sistemas de retenção de água, a melhoria do sistema de alerta de emergências e a criação de comissão específica são algumas das propostas de arquitetos e engenheiros para minimizar os estragos causados pelas enchentes em São Paulo.

Desde o fim de dezembro, as chuvas têm atingido a capital quase que diariamente. Em janeiro, os níveis de chuva bateram recorde e os alagamentos passaram a fazer parte do dia a dia do paulistano.

A reportagem sobre soluções para a enchente encerra uma série do G1 sobre os efeitos das chuvas em São Paulo. Confira ao lado todos os temas abordados.

Os especialistas apontam que a impermeabilização do solo e a ocupação irregular são os principais causadores dos alagamentos que atingem a região metropolitana.

Segundo o engenheiro Mario Thadeu Leme de Barros, doutor em sistemas de recursos hídricos e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (SP), as obras de drenagem preveem o nível de chuvas e o grau de impermeabilização do solo. No entanto, o crescimento da cidade, faz com que, segundo ele, essas obras não funcionem com eficácia.

“As obras de drenagem trabalham com um determinado critério de segurança em relação ao nível de chuva. Se as chuvas forem mais críticas do que a previsão adotada no projeto, as obras não vão funcionar bem. (…) Também se projeta supondo um determinado nível de ocupação do solo da bacia. Se a cidade continuar crescendo, impermeabilizando o solo, aumentando a ocupação, a obras de drenagem vão se tornar cada vez mais insuficientes.”

A reportagem sobre soluções para a enchente encerra uma série do G1 sobre os efeitos das chuvas em São Paulo. Confira ao lado todos os temas abordados.

Os especialistas apontam que a impermeabilização do solo e a ocupação irregular são os principais causadores dos alagamentos que atingem a região metropolitana.

Segundo o engenheiro Mario Thadeu Leme de Barros, doutor em sistemas de recursos hídricos e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (SP), as obras de drenagem preveem o nível de chuvas e o grau de impermeabilização do solo. No entanto, o crescimento da cidade, faz com que, segundo ele, essas obras não funcionem com eficácia.

“As obras de drenagem trabalham com um determinado critério de segurança em relação ao nível de chuva. Se as chuvas forem mais críticas do que a previsão adotada no projeto, as obras não vão funcionar bem. (…) Também se projeta supondo um determinado nível de ocupação do solo da bacia. Se a cidade continuar crescendo, impermeabilizando o solo, aumentando a ocupação, a obras de drenagem vão se tornar cada vez mais insuficientes.”

Para Mônica Amaral Ferreira Porto, professora de Engenharia Hidráulica da USP), o aumento da retenção de água também é o melhor caminho.

“Com uma área urbana tão grande, em que todo o escoamento flui para um único canal que é o Tietê, sempre teremos problemas sérios. As conseqüências podem ser minimizadas com uma série de ações. O que pode ser feito é aumentar a volume de água retido nos piscinões, principalmente com a construção de novas estruturas, aumentar as áreas permeáveis com o uso de pavimentos permeáveis ou áreas ajardinadas, reter a água nos lotes ( por exemplo, armazenar a água da chuva para uso posterior ou infiltrar a água que escoa dos telhados).” 

Ação integrada

Mônica Porto diz ainda que todas as prefeituras da região metropolitana devem coordenar suas ações, com programas de operação e manutenção de bocas-de-lobo e galerias, controle de ocupação da várzea e sistemas de alerta para aviso da população.

“Todas as grandes regiões metropolitanas do mundo apresentam uma enorme fragmentação gerencial. Inúmeras prefeituras, inúmeras instituições, inúmeros atores políticos e sociais, em diferentes problemas locais, com decisões e atuações incoerentes, frequentemente duplicando esforços e recursos. Impõe-se no caso da melhor gestão das inundações a existência de uma liderança coordenada e uma organização exemplar em termos legais, financeiros e técnicos”, sugere a engenheira.

O diretor do Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo (Seesp) Gley Rosa também propõe a criação de um comitê com engenheiros, geólogos, meteorologistas, poder público e representantes da sociedade civil para discutir soluções para os alagamentos.

“Essa discussão deve ser feita no decorrer do ano. Senão amanhã, daqui a 15 dias, acaba o verão e o assunto cai no esquecimento. É melhor que isso se prolongue e que haja propostas concretas com políticas para evitar problemas”, diz o diretor do Seesp.

Arquiteto, urbanista e ex-secretário municipal de Planejamento, Jorge Wilheim diz que o primeiro passo é desassorear os rios Tietê e Pinheiros, ou seja, retirar a terra que reduzir a vazão dos locais.

Outra solução é reter a água para que ela demore mais a chegar aos rios, diz Wilheim. Ele diz que há artigos previstos no Plano Diretor de Macrodrenagem que poderia ser regulamentados, que também podem ajudar. “O Plano Diretor prevê que os grandes pátios não deixem a água da chuva correr para a rua, que eles devem reter por uma hora. Outra questão é que os prédios usem a água da chuvas dentro do próprio sistema.”

O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo, José Tadeu da Silva, informou que a entidade está atenta ao problema e que vai realizar em breve um seminário sobre áreas de risco convidando autoridades, especialistas, profissionais e estudantes para discutir soluções.

Autor: G1