Chuvas prejudicam obras na Marginal

Os temporais que atingem a capital diariamente desde dezembro atrasaram o cronograma das obras de ampliação da Marginal do Tietê. O terceiro trecho da nova pista expressa – a extensão exata é mantida em sigilo pela Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), empresa estadual responsável pela obra – deveria ter sido inaugurado no dia 14 de janeiro, mas o evento foi cancelado por causa da chuva.

A empresa não admite o atraso e afirma que a ampliação será entregue no dia 27 de março – exatamente uma semana antes de terminar o prazo para o governador José Serra (PSDB) deixar o cargo para se candidatar à Presidência da República.

Na Dersa e no próprio canteiro de obras, o clima é de correria. “Qualquer chuva atrapalha, mas tenho na cabeça que vou entregar tudo no dia 27 de março, é só nisso que penso”, disse o diretor da Dersa, Paulo Viera de Souza. Para respeitar o prazo, ele brinca e diz que a meta agora é seguir os trabalhos de ampliação durante “28 horas por dia”. Desde que as obras começaram, em julho de 2009, há máquinas e operários trabalhando até de madrugada – quando o tempo colabora.

“Começou a chover, tem de ir embora, não tem jeito”, afirmou ontem um operário. “Às vezes, perdemos três, quatro horas de serviço.” A escavação, segundo os funcionários das concessionárias, é a atividade mais prejudicada. “Toda essa terra vira barro”, explicou o encarregado de um dos canteiros. “Assim não tem como os caminhões transportarem, porque eles podem atolar.”

A chuva também afeta as áreas já escavadas. Sob a Ponte da Vila Maria, um buraco de mais de um metro de profundidade estava parcialmente alagado ontem. “Vamos ter de drenar toda a água, esperar secar para só depois voltar a depositar as pedras aí”, afirmou um operário. A remoção da água pode durar até seis horas. “Mas não vai atrasar”, acredita. “Se atrasar, no máximo é até abril.”

Em agosto, a Dersa disse que, como a ampliação estava adiantada, seria possível iniciar a inauguração de alguns trechos. Os primeiros foram liberados em outubro, entre a Ponte da CPTM e a Ponte da Freguesia do Ó (2,2 km), na zona norte, e entre a Ponte do Tatuapé e o início da Rodovia Ayrton Senna (1,2 km), na zona leste. No mês seguinte, foram mais 3,7 km entre as pontes do Piqueri, Vila Maria, Julio de Mesquita e da CPTM.

Além da ampliação das pistas, as obras preveem a construção de quatro pontes – Complexo Bandeiras, Cruzeiro do Sul, Tatuapé e Complexo Dutra-Castelo Branco – e três viadutos. Essas construções devem ser entregues em outubro.

Autor: O Estado de S.Paulo