Túneis abertos por escravos resistem ao tempo

A pequena placa indicando o caminho por uma estrada de terra não faz jus à grandiosidade do patrimônio histórico. A caminhada de cerca de 5km, entre pastos e porteiras, surpreende quem não conhece o lugar quando, de repente, surge a construção em pedras do Túnel de Ipiabas, no município de Barra do Piraí, escavado por escravos em 1883. Heranças de uma época de ouro, os túneis seculares do Estado do Rio guardam belezas e histórias pouco conhecidas. Abertos no século XIX, durante a construção da estrada de ferro para escoar a produção de café, eles não são protegidos pelo patrimônio histórico e correm o risco de desaparecer com o tempo. 

Com o esvaziamento da rede ferroviária, boa parte desses túneis perdeu a função. Pontes e estações que pertenciam à Rede Ferroviária Federal foram passadas ao Serviço de Patrimônio da União (SPU). Mas os túneis, segundo o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Rio, Carlos Fernando Andrade, não estão na lista e seria preciso criatividade para que possam ser preservados

O Iphan não sabe quantos são, mas, num pequeno trecho da Serra do Mar há uma cadeia de 15 túneis escondidos entre vales, de Japeri a Barra do Piraí, hoje usados para o transporte ferroviário de minério. Repórteres do GLOBO visitaram seis túneis abertos durante o Império, em diferentes municípios. Parte deles ainda tem vida, com o transporte de minério ou com o tráfego de carros e pedestres. Outros ficaram escondidos, no meio de fazendas, onde hoje o fluxo é só de boiadas. 

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Autor: O Globo