Após acidente, obra do Rodoanel ficará suspensa por 15 dias

Paralisação será feita para trabalho de peritos no local.
Queda de vigas sobre a Régis Bittencourt deixou três feridos na sexta. 

A obra de ligação dos trechos Sul e Oeste do Rodoanel vai ficar parada por 15 dias após três vigas de um viaduto em construção no Trecho Sul desabarem sobre a pista da Rodovia Régis Bittencourt. A interrupção das obras vai ocorrer enquanto os peritos do Instituto de Criminalística e do Instituto de Pesquisas Tecnológicas investigam o que provocou o acidente ocorrido na sexta-feira (13).

Dois carros e um caminhão foram atingidos por toneladas de concreto. Os três motoristas sobreviveram. Dois deles continuam internados em observação.

A estudante de administração Luana Coradi foi a primeira a ter alta. Feliz por ter escapado com vida, ela não pensa em passar pelo local do acidente de carro tão cedo. “Só depois que estiver certo que elas [as vigas] não vão mais cair, aí eu passou. Mas eu não vou testar, não vou ser teste não”, afirmou a jovem.

O trecho onde ocorreu o acidente, no sentido São Paulo da rodovia, na região de Embu, na Grande São Paulo, é o principal caminho para a jovem. O carro no qual ela estava ficou destruído e teve que ser retirado da pista com um guincho. 

Cada uma das três vigas do viaduto que vai passar por cima da rodovia tinha 45 metros de comprimento e pesava 85 toneladas. Elas desabaram quatro dias depois de terem sido colocadas.

O governo do Estado de São Paulo informou que o consórcio responsável pelas obras do Rodoanel terá de indenizar as vítimas, se ficar comprovada a responsabilidade das empresas no acidente.

Irregularidades

O secretário de Transportes de São Paulo, Mauro Arce, afirmou na noite de domingo (15) que “tem certeza de que o acidente no Rodoanel não foi causado pelo uso de uma viga pré-moldada”.

Segundo relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) de setembro, com o objetivo de baratear custos, o consórcio formado pelas empreiteiras OAS, Mendes Júnior e Carioca usou vigas pré-moldadas não previstas para os novos viadutos.

No projeto básico, eram fundações de concreto conhecidas como tubulões, mais caras. A troca foi uma das 79 irregularidades classificadas como “graves” pelo TCU. As auditorias foram realizadas em 2007 e 2008, nos cinco lotes da obra.

Arce disse que, após o relatório, o TCU enviou uma série de perguntas para a Dersa explicar e todos os pontos foram esclarecidos. “Eu mesmo participei de quatro reuniões acompanhando os técnicos da Dersa. Uma equipe do TCU extremamente capacitada foi enviada e o assunto foi resolvido. Já com a participação do MPF, um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi firmado e o TCU entendeu que as explicações foram satisfatórias”, afirmou.

Arce disse também que as outras 2.380 vigas do Rodoanel serão vistoriadas e, dependendo do resultado, o governo adotará medidas. Mas adiantou que as vigas de cada parte da obra “não foram feitas pela mesma empresa” nem “transportadas de modo igual”.

Autor: G1