Entrevista Vicente Abate, presidente da ABIFER

Em outubro, o Instituto de Engenharia realizou o seminário Transporte de Média Capacidade para São Paulo: Propostas e Soluções. Durante um dia, profissionais de diversas empresas e instituições discutiram e colocaram os prós e contras da adesão de monotrilhos ou dos Veículos Leves Sobre Trilhos – VLT – para melhorar a questão do transporte público na cidade de São Paulo. A seguir, veja as opiniões coletadas com alguns dos participantes do seminário. 

Vicente Abate – presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária – ABIFER 

Quais as diferenças entre o monotrilho e o VLT ? 

O VLT é um veículo ferroviário que usa rodas de aço que correm sobre trilhos, também de aço. A via permanente é geralmente construída em superfície, podendo utilizar-se de vias segregadas ou não.
A via de rolamento do monotrilho é elevada e portanto segregada. O monotrilho usa pneus, o que limita sua capacidade de transporte. Como vimos neste evento, aparentemente ainda há dúvidas quanto à melhor forma de escape dos passageiros em situações de emergência. 

O VLT tem uma utilização generalizada no mercado mundial, enquanto que o monotrilho tem sido utilizado preponderantemente na Ásia e em algumas cidades dos EUA.
Um fator importante em licitações, é que existe um leque maior de fabricantes de VLT, o que proporciona uma maior concorrência entre os competidores. 

Qual a escala de capacidade? 

Ambos têm capacidade de transporte similar, entre 20 e 40 mil passageiros por hora-sentido. Uma vantagem do VLT, quando implantado em via segregada, é que ele pode ser transformado em metrô se houver necessidade de se aumentar a capacidade originalmente projetada.

Como está a questão da propriedade da tecnologia? 

As empresas associadas à ABIFER detêm tanto a tecnologia do VLT, como a do monotrilho.
Para a ABIFER, o importante é que o veículo seja fabricado no Brasil, qualquer que seja a tecnologia, pois nosso objetivo é gerar empregos e usar matéria prima e componentes nacionais.

Não haveria interesse de instalar uma fábrica aqui? 

Por parte das empresas associadas à ABIFER, sim. Porém, isso não é esperado de empresas que não estejam localizadas no País, correndo-se o risco de os veículos serem importados totalmente prontos, o que seria extremamente danoso para o País.

Autor: Instituto de Engenharia