Sigatoka-negra: nova arma contra a praga da banana é apresentada em Rondônia

Simples e barata, uma tecnologia da Embrapa apresentada na última semana em Rondônia é a mais nova arma no combate à sigatoka-negra, a principal ameaça à cultura da banana em todo o mundo. Os cientistas descobriram que a aplicação de pequenas doses de fungicida em determinada parte das folhas das bananeiras é suficiente para garantir a saúde da planta e a produção de frutos de qualidade. A tecnologia foi apresentada em curso realizado na Embrapa Rondônia com participação de profissionais da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron). 

Os estudos que deram origem à nova tecnologia tiveram início em 2003, na Embrapa Amazônia Ocidental, uma das 42 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os pesquisadores aplicaram fungicidas em diferentes partes das bananeiras, como a raiz, o pseudo-cale (equivalente ao tronco da planta) e as folhas. Os melhores resultados foram obtidos com a aplicação de pequenas doses de fungicida puro na axila da segunda folha – contada de cima para baixo – da bananeira. A axila é a base da folha, onde ela se prende ao pseudo-caule.

Os números são animadores. Nos ensaios realizados pela Embrapa, bananeiras submetidas ao controle com a nova tecnologia apresentaram folhas verdes durante todo o período de produção dos cachos e conseguiram desenvolver frutos de qualidade. Os cachos pesam cerca de cinco quilos a mais que os produzidos por bananeiras em que a doença não foi controlada.

Engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Luadir Gasparotto explica que é necessária a adaptação de uma seringa para a aplicação dos fungicidas na axila da bananeira. Como não existe equipamento com tais caraterísticas no mercado, os pesquisadores utilizaram uma seringa veterinária e adaptaram uma mangueira de 25 cm de comprimento no lugar da agulha. Na extremidade da mangueira foi colocado um cano metálico, com cerca de dois metros de comprimento, para que seja possível aplicar o fungicida na folha que fica na parte mais alta da planta.

Além de eficaz, o método mostrou-se também barato. Enquanto outros tratamentos para controle da sigatoka-negra exigem 52 pulverizações de fungicida por ano, a nova tecnologia exige apenas três aplicações em cada ciclo produtivo. Com fungicidas a base de Flutriafol, são recomendados 2 ml do produto por planta em cada aplicação. Fungicidas a base de Azoxystrobin são aplicados em doses de 1 ml por planta.

Outra vantagem é ambiental. Com as pulverizações tradicionais, seja por meio de avião ou manual – com pulverizador costal –, o fungicida é lançado no ambiente, podendo contaminar outras plantas, animais e pessoas. As aplicações localizadas, com a seringa, evitam o desperdício e diminuem os riscos de contaminação ambiental.

Autor: Embrapa Rondônia