Dia Mundial sem Carro: ainda muito por se fazer

Maria da Penha, coordenadora da Divisão Técnica de Trânsito do Instituto de Engenharia

O Dia Mundial sem Carro começou na Europa e, desde então, vem se espalhando pelo mundo. O objetivo é conscientizar a população do impacto que o carro provoca na vida das pessoas e da importância de se utilizar alternativas menos poluentes e mais saudáveis. Para Maria da Penha, coordenadora da Divisão Técnica de Trânsito do Instituto de Engenharia, em São Paulo, pela falta de alternativa de transporte que atenda a população como um todo, fica difícil haver uma adesão maior à proposta. 

Em cidades da Europa onde existe um bom sistema de transporte e uma difusão maior do uso da bicicleta, esse dia é marcado por um número reduzido de veículos em circulação. “Entretanto, em São Paulo, que tem uma frota registrada de cerca de 6 milhões de veículos e uma população de aproximadamente 11 milhões de pessoas, a rede de transporte coletivo e de massa não atende às necessidades de mobilidade das pessoas que aqui trabalham ou vivem, embora até exista o desejo de algumas pessoas de não utilizarem o automóvel, ainda hoje a competição de conforto e custo entre o carro e o transporte acaba privilegiando o transporte particular”, afirma. 

Segundo ela, o ideal seria a existência de uma rede de transporte de massa maior, uma distribuição de locais de interesse (trabalho, escola, saúde e lazer) que reduzisse os deslocamentos pela cidade e um incentivo público às modernas formas de trabalho: domiciliar e horários flexíveis e escalonados nos escritórios. 

“É necessário a redução de deslocamentos desnecessários, regionalizando-se os atendimentos das necessidades básicas: médicos, dentistas, escolas, pequenas compras, supermercados e shoppings. É fundamental que seja dada muita importância ao futuro da cidade, considerando-se a necessidade de realizar as atividades de maneira planejada e integrada dentro dos vários níveis de governo e com a população que deve ajudar a tomar as decisões de políticas públicas da cidade”, conclui.

Autor: Instituto de Engenharia