Dante Ragazzi fala ao portal do Instituto de Engenharia como novo presidente da ABES

Dante Ragazzi, presidente da ABES

Após ser empossado como presidente da ABES para o biênio 2009-2011, em 11 de setembro, Dante Ragazzi falou para o portal do Instituto sobre suas metas.Veja entrevista

Desde quando existe a Abes?

A ABES é uma organização não governamental, fundada em1966.

Por que ela foi fundada?- Quais são os principais objetivos da Abes?

Fundada com o objetivo de desenvolver e aperfeiçoar as atividades relacionadas com a Engenharia Sanitária e Meio Ambiente, e fomentar a consciência social e as ações que atendam às demandas de conservação e melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida da sociedade brasileira. 

Ao longo de sua história, a ABES registrou significativas vitórias em benefício do setor e esteve presente nas lutas nacionais buscando reverter o grave quadro sanitário do País. Desde a sua fundação, é internacionalmente reconhecida como uma instituição devidamente capacitada para exercer, de forma ampla e plural, uma significativa liderança nos diversos setores que integram o saneamento básico e ambiental brasileiro. 

Com sede nacional no Rio de Janeiro, a ABES possui seções em todos os Estados da Federação que reúne profissionais de vários segmentos: professores, estudantes, profissionais de nível superior, técnicos de nível médio, construtoras, fabricantes de materiais e equipamentos, companhias de saneamento, serviços municipais de saneamento, de limpeza e drenagem, serviços públicos e entidades privadas ligadas ao saneamento e ao meio ambiente. 

A ABES é o capítulo brasileiro de organizações interamericanas e internacionais, com quem mantém estreitos canais de interação, como: AIDIS –Asociación Interamericana de Ingenieria Sanitaria y Ambiental, WEF –Water Environment Federation e IWA –International Water Association.
Trabalha ainda por meio de acordos de cooperação com entidades como a Organização Pan-Americana da Saúde, a Organização Mundial da Saúde e o Water Supply Collaborative Council –WSSCC.
Com a função de atuar como órgão consultivo, de assessoramento técnico e político-institucional à Diretoria Nacional, existem nove Comitês Técnicos compostos por profissionais e instituições que integram seu quadro de associados, com os quais são discutidos os programas e projetos no âmbito nacional nas áreas de: 

Gestão ambiental 
Ensino, pesquisa e desenvolvimento
Materiais e equipamentos para o saneamento e controle Ambiental
Comitê Nacional da Qualidade
Recursos humanos
Resíduos sólidos
Saneamento rural
Saúde pública
Tecnologias de saneamento e meio ambiente.

Qual é o trabalho do engenheiro sanitarista?

Compete ao Engenheiro Sanitarista o desempenho das atividades referentes a: 

sistemas de abastecimento de água, incluindo captação, adução, reservação, distribuição e tratamento de água;
sistemas de distribuição de excretas e de águas residuárias (esgoto) em soluções individuais ou sistemas de esgotos, incluindo tratamento;
coleta, transporte e tratamento de resíduos sólidos (lixo); controle sanitário do ambiente, incluindo o controle de poluição ambiental;
controle de vetores biológicos transmissores de doenças (artrópodes e roedores de importância para a saúde pública);
instalações prediais hidrossanitárias;
saneamento de edificações e locais públicos, tais como piscinas, parques e áreas de lazer, recreação e esporte em geral;
saneamento dos alimentos.

Como a Abes pode ajudar a sociedade na busca do entendimento das necessidades ambientais, no que diz respeito à preservação do meio ambiente?

Buscaremos a real integração entre os diversos segmentos do setor. Hoje temos demandas e desafios claros, como: regulamentação da Lei Federal de Saneamento Básico; a elaboração dos Planos Nacional e Municipais de Saneamento; divulgação de ações referentes às mudanças climáticas, novas atribuições do CONSEMA e CETESB. Outros aspectos importantes que devemos focar é a divulgação constante do nosso posicionamento nos vários fóruns em que temos assento, fortalecer os atuais Comitês Técnicos e criar outros, promover discussões com as agências reguladoras, capacitar profissionais de forma a atender as atuais necessidades do setor. 

Estes e outros itens, discutidos de forma ordenada, nos levam à necessidade de aprimorar a forma de interagir com os associados e com a própria sociedade. Evidentemente, devemos planejar, priorizar e focar nossas ações.

De acordo com o livro Planeta Favela, do urbanista norte-americano Mike Davis, o Brasil é o terceiro país com maior número de favelas. Como levar o saneamento básico a estas pessoas?

A questão das favelas é, para nós, ligada ao Saneamento Ambiental, um grande desafio.
Soluções convencionais para implantação da infraestrutura sanitária, na grande maioria das vezes, não se aplicam a este tipo de ocupação. 

Desta forma, torna-se imprescindível o trabalho conjunto de diversos órgãos públicos para a urbanização de tais áreas, eventuais remanejamentos de famílias e a implantação dos equipamentos urbanos.
A operação dos sistemas de água e esgotos também é diferente daquilo que se faz normalmente.
O importante é que temos avançado neste tema.

Quais os principais desafios que o senhor encontrará na sua gestão?

Vivemos um momento em que há recursos financeiros disponíveis e, como o setor ficou quase paralisado nas últimas décadas, faltam profissionais de saneamento no mercado. Há, então, um descompasso entre a disponibilidade orçamentária e a real implementação de programas e projetos. 

Um enorme desafio é auxiliar o setor na formação de quadros, tanto por meio do treinamento e capacitação, quanto pela inserção nas universidades para despertar o interesse dos jovens nas questões ambientais. O tema é atual e de extrema importância. Se persistirmos nessas ações, em alguns anos teremos mais profissionais motivados e preparados para melhorar a atuação de empresas, consultorias, concessionárias de serviços de saneamento, autarquias etc.

Autor: Viviane Nunes