Estudo mostra que ramal da Ferroeste ligando PR e Oeste de SC é viável

O estudo de viabilidade da 1a fase do ramal ferroviário que liga a região do Cantuquiriguaçu, no Paraná, a Chapecó, em Santa Catarina, foi apresentado pela Ferroeste na sexta-feira, pela manhã, em primeira audiência pública, no município de São Jorge do Oeste, no Sudoeste do Estado.
O presidente da empresa, Samuel Gomes, e técnicos da Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento), contratada para executar o trabalho, detalharam o levantamento econômico e estatístico da produção regional, confirmando a expectativas: “ficou evidenciada a viabilidade da ferrovia”, declarou o presidente da Ferroeste.

“O estudo, nessa fase inicia”, observou Gomes, “para que não houvesse dúvida sobre a viabilidade do projeto, foi feito com grande dose de conservadorismo”. Segundo ele, o estudo foi feito como se durante os próximos 20 anos não houvesse crescimento na produção regional. O levantamento do Lactec também não considerou os planos de expansão dos agentes econômicos locais (cooperativas e empresas). “Ainda assim a ferrovia se revela viável”, ressalta.

Em um cenário mais conservador, a taxa máxima de retorno do investimento (TIR) é de 11% e tempo de retorno de investimento (pay back ) de 5 anos; por outro lado, num cenário mais favorável, a TIR máxima alcançará a cifra de 19% e tempo de retorno de 3 anos.

CARTA DE SÃO JORGE DO OESTE

Ao final da audiência pública foi elaborada a “Carta de São Jorge do Oeste” que reafirma a determinação da região “perseguir o sonho de uma ferrovia” que integre as economias do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul “através da expansão da Ferroeste”. O documento pede a “gestão pública, moderna e eficiente” da ferrovia e afirma que a região vai passar “a de exigir do governo federal apoio determinado, com recursos públicos do orçamento, do PAC e do BNDES”.

“A audiência cumpriu seu objetivo”, ressaltou Samuel Gomes, “reuniu os setores político, empresarial e universitário da região e teve, pela primeira vez, a participação do Rio Grande do Sul”. O prefeito da cidade gaúcha de Nonoai, João Rubin, representando 45 municípios da Amzop (Associação dos Municípios da Zona de Produção), Norte do Estado, disse após a reunião que “vai mobilizar as forças políticas da região, prefeitos e parlamentares, para levar uma audiência pública da Ferroeste ao Rio Grande do Sul”. Segundo ele, é de extrema importância colocar o Norte do Estado “no mapa da Ferroeste”.

DEMANDA

O fluxo de grãos entre o Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, a exportação de congelados (aves e suínos), o transporte de calcário da região metropolitana de Curitiba e de fertilizantes do porto para as regiões produtoras, a movimentação de derivados de petróleo, e a distribuição dos armazéns de grandes empresas, como Saída, Perdigão e Bunge, além de cooperativas, estão dentro da área de influência da Ferroeste e do novo ramal.

A ferrovia vai baratear os insumos da produção de carnes, milho e soja nas regiões abrangidas pelo ramal, além de reduzir o preço do calcário, adubos, fertilizantes e combustíveis. “A ferrovia reduzirá as tarifas do transporte, vai baratear os custos dos insumos, estimular a indústria, promover a competitividade agroindustrial e acelerar o desenvolvimento sócio-econômico de várias regiões do Sul do país”, disse Samuel Gomes.

De acordo com Gomes, a ferrovia também “vai atrair a instalação de novas empresas, gerar empregos, e permitir maior integração regional”. Gomes mencionou que a fixação de homem no campo e a diminuição de acidentes rodoviários são outras vantagens promovidas pela estrada de ferro.

O Lactec apresentou três alternativas de traçado e mostrou com seu estudo a estrutura de armazenagem de toda a região. A ferrovia de 330 quilômetros de extensão será construída base nos modernos padrões da Ferroeste com rampas de 1,5% no sentido da importação e 1,8% no sentido da exportação, raios de 312 metros e velocidade de 60 Km por hora. O estudo tomou como referência o custo do quilômetro da ferrovia Norte-Sul (R$ 2,7 mil) e o investimento estimado da obra será de R$ 891,3 milhões.

O estudo do Lactec, coordenado por Jefferson Schreiber e Renato Vieira Ribeiro, e com supervisão técnica do engenheiro Lino Gomes, diretor de Produção da Ferroeste, foi realizado pelo seguinte corpo técnico: Josefina Scaramella – economista, Carlos Eugêncio Staub – engenheiro cartógrafo, José Carlos Pereira Coninck, doutor em física e graduando em estatística, e Robson Costa, estatístico e técnico em informática.

Audiência pública no Sudoeste Repercute entre lideranças

A primeira audiência pública para a discussão do resultado do estudo preliminar de viabilidade do novo ramal da Ferroeste, no município de São Jorge do Oeste, teve repercussão entre lideranças políticas setoriais da economia paranaense.

O presidente do Sistema Fecomércio, Sesc, Senac (PR), Darci Piana, afirma que é preciso “dar mais atenção ao transporte ferroviário, para que ele se intensifique como alternativa economicamente viável no escoamento da produção agrícola”. Segundo ele, “está comprovado que o custo Brasil seria reduzido se o trem fosse mais – e melhor – utilizado, no transporte da produção até o Porto de Paranaguá”.

Piana prossegue afirmando que “o estudo do Lactec mostra que o trem pode colaborar, sim, para que a produção reduza o custo e possa competir ainda em melhores condições com outros países. Esta iniciativa merece aplausos, porque expande os trilhos e dá alternativa aos produtores paranaenses. Os estados do Sul (Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso) serão intensamente beneficiados com essa iniciativa”.

Para o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Ardisson Akel, entidade que apóia a audiência pública em São Jorge do Oeste, fica claro para quem conhece ¨o pulsar da economia¨ no interior que a iniciativa “é muito bem-vinda”.

O Sudoeste do Paraná, segundo ele, “precisa melhorar suas vias de transporte e de acesso logístico, principalmente ao Porto do Paranaguá, e é oportuno integrar o Oeste catarinense nesse corredor de exportação, agregando volume de tráfico à ferrovia para que seja viabilizada economicamente”.

Akel lembrou que para viabilizar esse ramal e o outro que vai de Cascavel a Guaíra (PR) e Maracaju (RS), “dois ramais extremamente importantes”, é importante resolver “o gargalo da ligação entre Guarapuava e Curitiba”. Segundo ele, “é importante que o ramal da Ferroeste até o Porto de Paranaguá, passando por Engenheiro Bley (na Lapa), seja executado”.

Para o prefeito de Francisco Beltrão, Wilmar Reichembach, vice-presidente da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop), o projeto da Ferroeste é uma “unanimidade de opiniões”.

A ferrovia na região, segundo ele, é “muito importante em função da produção industrial e agrícola: precisamos reverter o modelo de transporte utilizando meios mais viáveis e mais econômicos. A ferrovia tem maior capacidade de carga com redução de custos”, ressalta.

Também o presidente da Associação das Câmaras de Vereadores do Sudoeste do Paraná (Acamsop14), prefeito de Pato Branco, Rovanir José Noll, considera que “a Ferroeste só vem a somar no Sudoeste, que necessita de muitos investimentos nessa área ferroviária, completamente esquecida por governos anteriores. A ferrovia vai aumentar a movimentação da produção de grãos, aves e suínos em toda a região. Um fluxo que traz o desenvolvimento para a região”, concluiu.

Autor: Intelog