Consideradas fundamentais para evitar transbordamentos, as obras de desassoreamento do Rio Tietê serão prorrogadas por mais um ano. No trecho de 24 quilômetros onde o rio transbordou ontem, como na Ponte das Bandeiras e próximo ao Cebolão, quatro empresas realizam desde outubro do ano passado um trabalho para retirar 40 milhões de metros cúbicos de lixo e de sedimentos acumulados no leito do manancial. A intervenção é considerada por autoridades e especialistas como essencial para a manutenção do aprofundamento de 2,5 metros da calha, concluída em 2003 e responsável por evitar as constantes inundações.
O anúncio da prorrogação foi feito ontem ao Estado pelo superintendente do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), Ubirajara Tannuri Felix. Minutos depois de sobrevoar a cidade, Felix afirmou que a retirada do lixo do Tietê é um trabalho que não poderá parar. A um mês do fim do contrato, orçado em R$ 27,2 milhões, restam R$ 6 milhões para serem pagos. “Os contratos vão ser prorrogados e o valor que falta será aplicado nos próximos dois meses. Essa limpeza do rio precisa ser constante”, afirmou o superintendente.
Oito retroescavadeiras realizam hoje o trabalho de retirada do material acumulado no leito do Tietê, entre a Barragem Edgard de Souza e a Barragem da Penha. O rio recebe uma carga poluidora diária de mais de 1,1 mil tonelada de matéria orgânica e 300 toneladas de resíduos sólidos. O lixo despejado diretamente nos 64 córregos afluentes do Tietê também contribui para assoreá-lo.
Para Carlos Bocuhy, membro do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) e presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), o principal vilão do transbordamento do Tietê foi a impermeabilização do solo gerada nos últimos quatro anos pelo boom imobiliário. “Fora o atraso na obra do desassoreamento, a cidade viveu nesses anos um crescimento completamente desordenado e que aumentou muito a massa asfáltica do solo”, apontou o ambientalista.
Autor: O Estado de S. Paulo.