Navegação aposta na ascensão da cabotagem

As três empresas de navegação responsáveis pela cabotagem (navegação costeira) na movimentação de contêineres do País aproveitam o enfraquecimento da turbulência econômica para confirmar a ampliação de capacidade, confiantes não só na reação do mercado, mas também em um uso maior dessa matriz de transporte por parte dos clientes. Entre elas, a Log-In Logística Intermodal, que tem entre seus principais acionistas a Vale, viu o volume do serviço de cabotagem crescer 50% no primeiro semestre de 2009, na comparação com 2008. Otimista, a companhia admite estar em conversações para a obtenção de novos clientes.

Já a Mercosul Line, do grupo dinamarquês A. P. Moller – Maersk, incrementa sua frota de navios para absorver mais cargas entre o sul e o norte do País. Em 2008, a empresa transportou 28,5 mil TEUs, mas deseja chegar perto dos 100 mil TEUs em 2010. TEU é a unidade correspondente a um contêiner de 20 pés.

Outra empresa que aposta na cabotagem é a Aliança Navegação e Logística, hoje do grupo alemão Hamburg Süd. A companhia está envolvida no projeto do Porto de Itapoá, em Santa Catarina, orçado por volta dos R$ 500 milhões, o no qual é uma das principais investidoras, com a contrapartida de que o negócio vai impulsionar as atividades de cabotagem.

“O novo porto entrará em operação em meados de 2010”, garantiu José Antônio Balau, diretor de Operações da Aliança Navegação. O executivo calcula que o porto absorverá 20% da movimentação de contêineres do Paraná e de Santa Catarina até 2015. Para se ter uma idéia a região teve um volume de 990 mil unidades movimentadas, número que deve saltar para 3 milhões até o ano de 2020.

De acordo com a Aliança, os aportes em Itapoá confirmam o interesse da companhia em fortalecer o serviço de cabotagem brasileiro. Recentemente, a empresa adicionou dois novos navios, o Aliança Manaus e o Aliança Santos para aumentar em 20% a capacidade. Em 2008, ela faturou R$ 2,4 bilhões, com a movimentação de mais de 510 mil TEUs. Hoje, opera regularmente em mais de dez portos do País, com uma frota de dez navios.

Especialistas do setor calculam que a cabotagem cresceu mais de 25 vezes no Brasil em dez anos. Em 1999, eram transportados cerca de 25 mil contêineres por ano, número que avançou para 640 mil em 2008. Com o potencial, outras companhias de navegação estão de olho neste mercado, como a Triunfo Participações e a francesa CMA CGM, segundo fontes ouvidas pelo DCI. Mas há ainda um quadro restritivo referente a alta carga tributária, entre outros pleitos do segmento. O País tem 8 mil km de costa, e 70% das indústrias se localizam em regiões próximas.

Embarcações

Depois de ter reduzido a frota no primeiro semestre, quando passou a operar com um navio, a Mercosul Line volta aos mares com três navios, o ultimo deles, o Mercosul Manaus começa a trabalhar este mês. As embarcações com capacidade maior, vieram do grupo mundial, aumentando a capacidade de volume de cargas transportadas para até 7, 5 mil TEUs.

“Com a restruturação da frota, nos deparamos com mercados interessantes nos deparamos como o de frigorificados no Paraná e a soja”, disse Artur Bezerra, diretor da Mercosul Line.

Outro mercado significativo da companhia é o de eletroeletrônicos, ligando a Zona Franca de Manaus a Santos e a São Paulo (SP). Nessa área, a Mercosul Line atende a clientes como SempToshiba , Philips, Panasonic e Sony. No setor de frigorificados, a empresa já atendia a Sadia, antes da fusão com a Perdigão. Bezerra explicou que o uso da cabotagem, dependendo da cadeia logística montada para o cliente, pode sair 30% mais barato do que a utilização do transporte rodoviário convencional.

Rômulo Otoni, diretor de Navegação da Log-In, disse que mais do que os valores de frete atrativos, a cabotagem atribui vantagens como uma maior integridade da carga e menor possibilidade de roubo.

Depois do recente contrato fechado com a Alunorte, a Log-in está confiante no mercado. “A expectativa é de continuar a crescer, com o arrefecimento da crise”, colocou Otoni, confirmando que todas as encomendas de navios da empresa estão em pé, bem como as conversas com possíveis clientes. A receita do serviço de navegação costeira da Log-In saltou 40,4%, no segundo trimestre de 2009, chegando a R$ 61,2 milhões, na comparação com 2008.

Empresas de navegação costeira apostam no fim da crise e investem no aumento da capacidade de transporte de carga.

Autor: DCI