Usiminas irá religar fornos mas suspende aporte de R$ 6 bi

A Usiminas lucrou 63% menos no segundo trimestre e abriu negativamente a temporada de balanços do setor. Os resultados negativos devem abranger também suas concorrentes Gerdau e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Segundo analistas de mercado, esta última no entanto deve levar vantagem porque possui mais minério de ferro próprio que as outras.A queda dos estoques da cadeia siderúrgica e o aumento gradual da demanda por aço levará a Usiminas a retomar a produção do do alto forno 2 em Ipatinga (MG) até o final deste mês e o forno 1 em Cubatão (SP), até o final de agosto. A siderúrgica, que confirmou o religamento após o sindicato da categoria anunciar a volta dos fornos, não demonstrou tanto otimismo ao anunciar a suspensão do projeto de construção de uma nova usina no município de Santana do Paraíso (MG).

No local seriam produzidos cinco milhões de toneladas anuais de placas e projeto ficará paralisado até que “sinais mais consistentes no mercado de retomada de demanda”, segundo a siderúrgica. O projeto estava orçado em cerca de R$ 6 bilhões. “Nós temos uma visibilidade até dezembro. Há o religamento de fornos no mundo, pelo efeito de desestocagem mais forte do que o esperado, mas também já existe gargalos de fornecimento”, afirmou o presidente da Usiminas, Marco Antonio Castello Branco. Com a volta dos dois fornos, a produção de aço irá chegar de 85% a 90% de sua capacidade de produção. Castello Branco lembrou que a volta das operações dos fornos é, sim, um risco, já que é possível que a demanda não corresponda às expectativas atuais – conforme noticiou o DCI – mas que é necessário para o atendimento do mercado. “Estamos hoje com uma demanda consistente até o final do ano, principalmente no mercado de exportação da Usiminas”

O guidance da companhia é que as vendas até o final do ano alcancem seis milhões de toneladas de aço, sendo, desse total, quatro milhões destinadas ao mercado interno. Por outro lado, um dos segmentos apontado pela empresa como o “crítico” é o de chapas grossas, que segundo a empresa ainda não vislumbra um cenário positivo no segundo semestre. Um dos motivos alegados pela empresa foi o fraco desempenho do setor de bens de capital. O presidente da Usiminas elogiou as medidas de incentivo ao setor pelo governo e aguarda que o setor comece a apresentar resultados mais positivos.

Por outro lado, para aproveitar os setor com mais crescimento, a Usiminas anunciou o investimento de R$ 215 milhões no refino secundário da Aciaria 2 da Usina Intendente Câmara, em Ipatinga. O aporte visa ao aumento da oferta de aços nobres para o setor de petróleo & gás e para o automotivo. “Esse investimento será feito para entrarmos com mais força do setor de aço nobre, onde as margens são muito mais significativas”, afirmou Castello Branco.

O presidente da siderúrgica disse, ainda, que o desenvolvimento do setor de mineração da companhia continua. Além disso, o executivo salientou que a produção atual mensal de cinco milhões de toneladas de minério chegará a 12 milhões, dois milhões de toneladas a mais do que havia sido anunciado anteriormente.

Resultados
No segundo trimestre, a Usiminas obteve lucro líquido de R$ 368,68 milhões, o que representa uma queda de 63% em relação ao mesmo período de 2008, mas reverteu o prejuízo de R$ 112 milhões registrado no primeiro trimestre. Segundo a empresa, o resultado anotado ao final do primeiro semestre foi “muito aquém de seu desempenho histórico, os resultados da Companhia espelham a mais profunda recessão dos últimos anos”.

Segundo o analista de mineração e siderurgia da SLW, Pedro Galdi, um dos poucos pontos positivos foi o efeito do câmbio no período. Galdi salientou que a CSN poderá se diferenciar no resultado trimestral por sua maior presença em mineração, o que impacta positivamente seus custos. Já para a Gerdau, o analista não espera melhora significativa no resultado do 2ºtrimestre.

Autor: DCI