Mercado livre quer a energia de Itaipu para negociar contratos

O mercado livre de energia vê com otimismo pelo menos uma das propostas sobre a negociação do Tratado de Itaipu que devem ser entregues ao governo paraguaio amanhã durante a Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul, que se realizará em Assunção: a permissão ao país vizinho de vender a sua cota de energia aos grandes consumidores de energia, o que garantiria a possibilidade de melhorar as condições de negociação na hora de fechar contratos em função do menor preço da geração da usina binacional. Atualmente, os valores dos contratos no mercado livre estão cima de R$ 140 MWh para um periodo mínimo de três anos.

Segundo Raimundo Batista, diretor da comercializadora Enecel Energia, se essa parcela de energia de Itaipu – que deve chegar a cerca de 6 mil MW médios (a parte que o Paraguai não utiliza) e que tem custo já com a taxa de transmissão incluída em cerca de US$ 55 – chegar aos consumidores, será muito bem recebida, pois aumenta a oferta de uma energia de valor mais baixo, o que ajuda na competitividade da indústria nacional.

“Essa á uma regra básica de mercado, quanto mais oferta em um mercado, melhor ficam as condições para negociarmos os preços da energia, que no Brasil, apesar de termos uma matriz fundamentalmente hídrica, é uma das mais caras do mundo”, afirmou Batista.

Além dessa proposta, a reunião entre os dois governantes deverá ter uma outra decisão sobre o segundo ponto que o Paraguai exigiu na negociação, o aumento do repasse que hoje é de US$ 120 milhões para cerca de US$ 360 milhões na compensação pela energia que o país vizinho repassa compulsoriamente à Eletrobrás, esse valor aumentaria de US$ 45 MWh para US$ 65 MWh enviado.

Não se sabe ao certo o que Lula oferecerá aos vizinhos porque a semana foi marcada por declarações desencontradas entre agentes do governo federal. Na segunda-feira (20) o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou que negociava com a metade paraguaia a venda do excedente da energia de Itaipu no mercado livre, mas que isso seria feito de forma escalonada, porém não foram dados detalhes sobre essa ideia que esbarra na questão dos contratos já firmados pelas distribuidoras do sul e do sudeste brasileiro, nos termos do acordo assinado em 1973.

Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) deixou a entender que essa venda ao mercado livre poderia ser feita, pois o que não se aceita é que essa energia seja vendida a outros países como queria Lugo.

Autor: DCI