Demanda de elétricos sofre com falta de incentivos

ABVE afirma que custo alto impedirá que carro a bateria ganhe espaço no Brasil 

Embora sejam uma solução comprovadamente eficaz para a questão da poluição do meio ambiente e mais econômicos, os veículos elétricos ainda estão longe de ser uma opção concreta na lista de veículos que integrarão a frota brasileira no futuro.

De acordo com Antônio Nunes, Diretor-presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), hoje a categoria sofre com falta de incentivos. “Aqui no Brasil, não há nenhuma grande força que impulsione o uso de elétricos. O IPI do carro elétrico, por exemplo, custa 25%. É um absurdo um carro que é muito melhor ambientalmente, favorece o desenvolvimento tecnológico ter uma taxa que custa quase três vezes mais que o automóvel comum”, protesta.

Ele conta que nos Estados Unidos, no Japão e em outros países da Europa, onde a cultura do veículo elétrico está mais difundida há o estímulo para a utilização do elétrico como: estacionamentos, abastecimento sem tarifas ou com desconto e outras várias iniciativas. “Em Londres, por exemplo, não se paga o IPVA para os elétricos”, diz.

No país norte-americano estimasse que “o modelo elétrico-híbrido terá 3% de market share neste ano. A expectativa de vendas de veículos elétricos é de três mil unidades – um número expressivo para um tipo de modelo”, observa Nunes.

Segundo ele, a categoria também ganha destaque no território devido à questão do petróleo, cuja grande parte que abastece o mercado americano é importada, o que gera uma instabilidade política sobre o problema, e à questão ambiental que ganhou mais importância no Governo Barack Obama.

No Brasil, porém, não há problema com o petróleo, no entanto, “temos um programa de distribuição de álcool que é modelo, e a preocupação ambiental na área de transporte ainda é muito pequena no País. As nossas restrições de emissões também estão muito atrás do que é definido nos EUA e na Europa”, ressalta o diretor da ABVE.

Além disso, há a questão do preço. Nunes conta que o valor de um automóvel elétrico pode chegar a ser o dobro de um carro convencional. O motivo? “Principalmente pelo custo das baterias. As que têm maior desempenho – que não são chumbadas e permitem que os carros andem 100, 120 e até 200 e poucos quilômetros – são bem mais caras”, explica.

Nunes afirma que parte do desinteresse das montadoras pelo veículo elétrico se dá por este motivo. E com a falta de escala, que diminui muito os custos de produção, fica difícil reduzir o valor para o consumidor final.

“Teríamos uma adesão muito grande por parte da população se os veículos elétricos tivessem custos compatíveis com os convencionais. Assim, ela toparia adquirir um veículo elétrico em razão dos benefícios ambientais. Já se o comprador tivesse que pagar mais, teríamos uma grande barreira”, considera.

Ele ressalta que é difícil quando se fala em gastos maiores, o cliente avaliar os benefícios em longo prazo. “Esse veículo tem economia de combustível, além dos ganhos ambientais. Então, se a pessoa considerar o custo-benefício verá que, dependendo de quanto (freqüência) usa o carro, poderá recompensar o valor adicional gasto na compra”, declara.

E finaliza com a afirmação de que para o carro elétrico ganhar mercado será necessário: “ganhar escala, reduzir custos e incentivar o uso desses veículos”.

Autor: Webtranspo