Ônibus precisa ser “metronizado” para ser eficiente

Especialistas em transporte afirmam que não adianta apostar em metrô, se não houver um transporte de superfície eficaz para atender a demanda de passageiros

Com a afirmação de que o Brasil sediará a Copa do Mundo em 2014, o metrô foi a solução encontrada, praticamente em massa, para a questão da mobilidade urbana. No entanto, para os representantes da NTU – Associação Nacional de Empresas de Transporte Urbano – essa não é forma mais viável.

Jaime Lerner, Arquiteto e urbanista, afirma “que é preciso “metronizar” o sistema de ônibus. Neste sentido, o transporte urbano de passageiros de Curitiba, no Paraná, é o modelo a ser seguido, apontou. Segundo ele, a premissa é construir terminais, corredores e plataformas para que as viagens sejam mais rápidas e os passageiros tenham mais comodidade.

Otávio Cunha, Presidente da NTU, declarou durante o primeiro dia do Seminário Nacional da associação, que acontece na Feira TransPúblico, que “falta iniciativa do governo federal, que não tem apresentado políticas públicas para a infraestrutura de transporte”. Para ele, alternativas como o pedágio urbano e o mototáxi são inviáveis e não resolvem a questão.

“O governo incentiva o transporte individual por causa da crise e isso agrava o transporte público, porque quase 70% das empresas da área são privadas”, disse o presidente da entidade.

“É preciso que as decisões sejam tomadas em âmbito federal”, complementou ao questionar sobre a falta de um órgão específico para a defesa do transporte por ônibus, como existe, por exemplo, a CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), no âmbito federal, para lutar pelo trem. “As estradas brasileiras estão em uma condição precária. Falta a iniciativa de chegar no gabinete e falar: vamos cuidar do transporte público”.

Copa 2014
Segundo Lerner, “dá tempo para ter um transporte público de qualidade para a Copa do mundo em 2014”, considerou. “A Copa é uma oportunidade rara, mas tem que ser bem aproveitada, não pode ser desperdiçada com promessas que não vão se cumprir”, declarou em menção ao metrô.

Durante o seminário, os participantes ressaltaram que o transporte público não evoluirá se o sistema operacional e logístico do transporte por superfície não melhorar. “Não adianta apenas colocar ônibus. Não é possível resolver o problema de transporte sem desestimular o uso do automóvel”, salientou Cunha.

Para eles, a solução mais viável em um curto prazo é a implantação de um transporte por superfície – pelo sistema BRT. “O BRT é o único modal com tempo de ser implantado até 2014”, disse Lerner.

Uma das vantagens do sistema é que ele melhora as condições de embarque e a freqüência dos ônibus. “A qualidade do transporte se dá pelo tempo que o passageiro fica esperando o ônibus”, disse.

De acordo com o arquiteto, essa é a maneira de “metronizar” o ônibus para que ele funcione como o metrô, de forma eficiente.

Autor: Webtranspo