Chineses querem levar parte da MMX e filial Sudeste

A siderúrgica chinesa Wuhan poderá comprar participações acionárias tanto na MMX, holding da área de mineração do grupo de Eike Batista, quanto em uma de suas subsidiárias, a MMX Sudeste. As negociações para a compra, pelos chineses, de participação acionária na MMX estão em pleno andamento. A operação, se confirmada, exigirá um aumento de capital da empresa por meio de emissão primária de ações. A capitalização garantiria os recursos para desenvolver o plano de negócios da MMX. 

“As negociações continuam e estamos discutindo aspectos relevantes do acordo referentes à participação acionária da Wuhan na MMX”, disse Ricardo Antunes, presidente da LLX Logística. A LLX, braço de logística do grupo de Batista, participa com a MMX de memorando de entendimento assinado, em maio, com a Wuhan e que prevê os termos de uma “potencial” parceria comercial e estratégica. O acordo inclui discussões sobre a construção, pelos chineses, no Super Porto do Açu, projeto da LLX no norte fluminense, de siderúrgica com capacidade de produzir 5 milhões de toneladas de aço por ano. O investimento estimado para o projeto é de US$ 4 bilhões. 

O memorando assinado com a Wuhan prevê que ela poderá comprar participação acionária na MMX Mineração e Metálicos, empresa que tem 64,1% do capital com os controladores e 35,9% no mercado, ou na subsidiária MMX Sudeste. Questionado sobre o que determinará a compra de participação na holding ou na controlada, Antunes afirmou: “É uma equação que pode combinar as duas coisas (participação na holding e na subsidiária). É uma questão de estabelecer regras de governança dentro da relação que está se estabelecendo com a Wuhan.” 

Segundo Antunes, a compra de participação na MMX Sudeste garantiria à Wuhan fatia em um ativo da área de mineração. Já a entrada na holding poderia permitir à Wuhan participar do negócio da MMX como um todo. Um analista lembrou que a empresa tem um portfólio amplo de prospectos minerários no Brasil, além de possuir minas no Chile. “Parece interessante para a Wuhan poder participar do negócio da MMX como um todo”, disse Antunes. 

O analista Rodrigo Ferraz, da Brascan Corretora, avaliou, em relatório enviado a clientes na quinta-feira, que é “bastante provável” o fechamento de um acordo com a Wuhan. As negociações entre a siderúrgica chinesa e a MMX também incluem o estabelecimento de contrato de longo prazo pelo qual a Wuhan comprará toda a capacidade de produção da MMX Sudeste. A empresa tem plano de ampliar a capacidade de produção de 8,7 milhões de toneladas para 33,7 milhões de toneladas em 2013. 

A produção da MMX Sudeste será escoada via porto do Sudeste, outro dos projetos portuários da LLX, em Itaguaí, na região metropolitana do Rio. O Sudeste terá capacidade de movimentar até 50 milhões de toneladas por ano e deve começar a operar no fim de 2011. Como grande parte da capacidade do porto estará ocupada pelo minério de ferro da MMX Sudeste, restarão cerca de 17 milhões de toneladas/ano de capacidade que estão sendo disputados por pequenas mineradoras de Minas Gerais que não têm porto, disse Antunes. 

Ferraz, da Brascan, parte da premissa de que o aporte de capital da Wuhan na MMX, por meio de uma emissão primária de ações da empresa, seria suficiente para assegurar 70% do valor dos investimentos necessários à conclusão das expansões no sistema Sudeste da companhia. A MMX tem outro sistema em operação, no Norte do país, por meio da MMX Corumbá. Os 30% restantes dos recursos seriam obtidos via financiamentos com bancos de fomento na China e no Brasil. 

Segundo Ferraz, o sistema Sudeste da MMX irá requerer investimentos de US$ 850 milhões entre 2009 e 2012. “Utilizando como referência uma taxa de câmbio de R$ 2 por dólar e considerando 70% desse montante, chegamos ao aporte estimado para a MMX, cujo valor ficaria em torno de R$ 1,2 bilhão”, avalia o analista. Esse seria o “piso”, diz ele, para que os investimentos no sistema Sudeste da MMX sejam levados adiante. 

Antunes, da LLX, também mencionou as negociações para instalação da siderúrgica da Wuhan no Super Porto do Açu. “Seguimos discutindo questões técnicas da siderúrgica com a Wuhan. Em breve, devemos começar discussões de aspectos comerciais”, disse Antunes. Sem citar nomes, acrescentou que são mantidas conversações com outras quatro empresas prevendo a instalação de outra usina de produção de aço no Açu. No mercado já comentou-se que entre os interessados estariam Technit e Nucor. 

Enquanto as discussões com os chineses prosseguem, a LLX Logística concluiu operação de aumento de capital no valor de R$ 600 milhões para permitir a entrada do BNDES como sócio da empresa. Na operação, Eike Batista e o OTPP, fundo de pensão dos professores de Ontário, no Canadá, foram diluídos para 50% e 16%, respectivamente. Antes da operação eles tinham 57% e 19%. O BNDES ficou com 12% e os acionistas minoritários, que tinham 23%, ficaram com 22%.

Autor: Valor Econômico