Roterdã quer atrair empresas brasileiras para operação de etanol

O Porto de Roterdã, na Holanda, quer atrair empresas de produção de etanol para a construção de terminais marítimos e para a distribuição do produto na Europa. O complexo pretende tambémaproveitar a implantação de dutovias para o biocombustível no Porto de Santos, para aumentar o volume importado no continente. 

Roterdã é a principal porta de escoamento de etanol na Europa. A carga oriunda do Brasil corresponde a cerca de 50% do escoamento do gênero no porto holandês. No total, o complexo movimentou 2,5 milhões de toneladas de etanol ano passado. 

O interesse em atrair empresas produtoras de etanol foi manifestado pelo próprio CEO (equivalente a um diretor-geral) do porto, Hans Smits, em recente passagem pela Capital. Ele veio ao Brasil para participar da Intermodal South America ­ maior feira de Logística e de Transportes da América Latina, realizada entre os dias 24 e 16 últimos ­ e de encontros com clientes do complexo. 

Smits afirmou que está em busca dos produtores de etanol para a implantação de terminais ou simplesmente para aumentar o volume de importação da carga. Para tanto, ele explicou que o governo holandês está oferecendo vantagens nas taxas de importação e nas tarifas para implantação de novas instalações, por exemplo. 

O etanol operado em Roterdã é importado principalmente por empresas como as multinacionais Vopak e Odfjell, que também têm instalações no Porto de Santos. Mas o poder das multinacionais não é o bastante para a administração do porto. Smits admitiu que está “conversando” com empresas como as brasileiras ETH Bioenergia, Braskem e Brenco (Companhia Brasileira de Energia Renovável), para garantir a recepção e o escoamento do produto no continente. A Petrobras também participa de negociações, contou o CEO. 

A Brenco, por exemplo, irá construir um alcoolduto entre Alto Taquari, na zona produtora de Mato Grosso, e Santos, com 1.120 quilômetros de extensão. Orçado em US$ 1 bilhão, o projeto está em fase de licenciamento ambiental. 

E é justamente por esta oferta em potencial da Brenco que Roterdã está mais interessado. Segundo Smits, o objetivo é aumentar a recepção da carga, ampliando a participação brasileira na sua movimentação. 

“Torcemos para que esse volume possa sair de Santos direto para o nosso porto. Queremos ser cada vez mais fortes no que diz respeito a etanol na Europa, porque a Europa precisa cada vez mais de etanol”, disse o CEO. Já, quanto aos benefícios fiscais, o executivo continuou: “Nós estamos dando oportunidade às empresas brasileiras exportarem mais porque estamos nos preparando para ter mais capacidade”. 

Roterdã pode armazenar 300 mil metros cúbicos em seus tanques, volume que poderá dobrar em cinco anos com os projetos em andamento. 

CONSULTORIA 

Além do etanol, o Porto de Roterdã está atrás de expandir seus negócios em outros países. Ele pretende oferecer seu knowhow também aos portos brasileiros. 

Hans Smits garantiu que o complexo holandês se destaca por sua administração e, por isso, pode dar consultoria sobre gestão de terminais, ambiental e até mesmo portuária. Roterdã já presta este tipo de serviço ao Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco. 

Segundo Smits, seus técnicos participam da gestão do complexo nordestino. Para isso, porém, o CEO disse que tem dialogado com o governo brasileiro, pois não há “uma situação legal estável” que permita a iniciativa. Questionado se há outros portos brasileiros interessados neste tipo de serviço, o CEO respondeuque frequentemente há “conversas”, mas nada concreto. Sobre Santos, ele negou que tenha havido algum entendimento, exceto entre as prefeituras (a santista e a de Roterdã), que participam do C40 Climate, fórum onde as principais cidades portuárias do mundo discutem como reduzir o impacto das atividades portuáriasnomeioambiente.

Autor: Tribuna