Especialistas apontam soluções para os rios de SP em seminário

Os problemas dos rios de São Paulo, com causas e possíveis soluções, foram discutidos nesta terça-feira (14) durante o seminário “Rios de São Paulo”. Entre as soluções propostas, foi apresentado o exemplo de Seul, na Coreia do Sul, onde uma avenida e um elevado de intenso tráfego foram destruídos para a revitalização de um rio poluído.

O seminário foi organizado pelo Globo Universidade – projeto da Rede Globo de intercâmbio com o meio acadêmico – e reuniu especialistas e autoridades em um auditório da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP).

O evento teve a presença de autoridades, como o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM). O vice-presidente das Organizações Globo, José Roberto Marinho, fez o discurso de abertura.

As palestras

O primeiro palestrante foi o professor Carlos Eduardo Morelli Tucci, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Segundo Tucci, o problema de poluição dos rios e enchentes decorre de uma série de procedimentos equivocados adotados ao longo dos anos, como a falta de planejamento urbano, a canalização de rios e córregos, a ocupação da área de mananciais e várzeas de rios e a falta de tratamento de esgoto, entre outros. Para Tucci, o investimento necessário para solucionar o problema não é alto, tendo em vista o retorno. “O Brasil precisa de R$ 178 bilhões para esgoto e R$ 21 bilhões para águas pluviais. O que falta não é a parte financeira, mas vontade.” O cálculo, segundo ele, é de pesquisa de 2005 do Banco Mundial.

Professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), Mario Thadeu Leme de Barros apresentou de forma didática a atual situação da Bacia do Tietê, enfocando o Alto Tietê, e citou algumas medidas para solucionar o problema da poluição na área, como a mudança de projetos envolvendo o tratamento da água urbana.

Explosão populacional

Terceira palestrante, a secretária estadual de Saneamento e Energia, Dilma Pena, fez um resumo do desenvolvimento da região metropolitana de São Paulo e como seus recursos hídricos foram apropriados pela sociedade nos últimos 120 anos. A secretária ressaltou como esse processo paulista de apropriação foi diferente do ocorrido em outras cidades do país e do mundo devido ao “extraordinário” crescimento populacional de São Paulo no período, que passou de cerca de 35 mil para 19 milhões de habitantes. “Isso é de importância fundamental no planejamento das intervenções hídricas”, afirmou.

O exemplo de Seul, na Coreia do Sul, foi mostrado no seminário. A Prefeitura de Seul revitalizou o Córrego Cheong Gye Cheon. Para isso, chegou a derrubar uma das principais avenidas da cidade e um elevado situado em cima da via. O projeto foi apresentado pelo assessor da prefeitura de Seul In-Keun Lee, um dos responsáveis pelo projeto na época (veja no vídeo ao lado).

Vontade política

Em entrevista ao SPTV, o vice-presidente as Organizações Globo, José Roberto Marinho, disse que, “havendo vontade política e havendo conscientização da população, tudo é possível”. “Esses projetos já vêm acontecendo no mundo inteiro há mais de 50 anos e com bons resultados, como nós estamos mostrando agora o projeto da Coreia. E temos certeza de que isso pode acontecer aqui também”, afirmou.

O governador José Serra disse, em discurso durante o evento, que uma das principais preocupações de qualquer governo atualmente é a despoluição de rios. “No passado, se dizia que governar era abrir estradas. Hoje, eu digo que, em certa medida, governar é despoluir rios”, disse Serra.

Autor: G1