Brasil é campeão em matriz energética limpa, mas precisa corrigir rota

José Goldemberg explicou fatores que moldaram o atual quadro energético brasileiro ao falar na reunião do Contec da Fiesp

Planejamento correto, maior combatividade dos órgãos ambientais e adequação do modelo de licitação são algumas das saídas apontadas por José Goldemberg, presidente da Comissão Especial de Bioenergia do Estado de São Paulo, ao avaliar se a matriz energética brasileira está no caminho certo e o que deve ser feito.

“A Estratégia Energética Brasileira” foi o tema tratado pelo especialista em reunião do Conselho Superior de Tecnologia e Competitividade (Contec), da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na sexta-feira (3).

Energia verde

“O Brasil é campeão em matriz energética limpa, contando com 41,3% de fontes renováveis e 58,7% de fontes não-renováveis, enquanto o mundo tem 80% de fontes de combustíveis fósseis”, afirmou Goldemberg. Até a atual crise econômica dá uma mãozinha para a produção limpa: “as energias verdes serão vetores importantes”, no futuro, disse.

A presença da energia hidrelétrica na matriz atualmente é de 85% e deve se reduzir para 75% em dezembro de 2017, segundo o plano decenal do governo federal, mas nesse cenário futuro as hidrelétricas ainda serão predominantes. Hoje o licenciamento de usina é objeto de batalhas, como as usinas do Rio Madeira (Rondônia), a três mil km do centro de consumo, criticou o especialista.

Tripé negativo

Foram apontados três fatores que moldam o atual quadro energético, segundo Goldemberg:
• A interrupção nos levantamentos emperrou a implantação de usinas hidrelétricas.
Devido à falta de planejamento, as usinas construídas não foram contempladas com reservatórios de água, não se expandindo desde 1990, levando à crise energética de 2001
• O não-engajamento governamental quanto ao licenciamento ambiental. “A legislação ambiental é complicada, é possível enfrentá-la, mas é preciso contar com técnicos adequados”, sinalizou Goldemberg.
• Nos últimos leilões feitos pelo governo federal, para a constituição de novas obras, predominou projetos que usam combustíveis fósseis e sujos. Usinas movidas a carvão são mais rápidas de serem construídas do que as hidrelétricas.

A boa notícia é que esse quadro pode ser invertido: há, ainda, amplo potencial hidrelétrico a ser utilizado, no Brasil.

Autor: Agência Indusnet Fiesp