A energia das águas

O potencial hidráulico ainda inexplorado dos rios brasileiros foi recentemente estimado em até 170 mil megawatts (MW) de capacidade de geração, segundo uma consultoria especializada em assuntos energéticos. Atualmente, as usinas hidrelétricas respondem por 76,1% do parque nacional de energia, cuja oferta é de 100 mil MW de um insumo renovável e de baixo custo.

O potencial hidráulico ainda inexplorado dos rios brasileiros foi recentemente estimado em até 170 mil megawatts (MW) de capacidade de geração, segundo uma consultoria especializada em assuntos energéticos. Atualmente, as usinas hidrelétricas respondem por 76,1% do parque nacional de energia, cuja oferta é de 100 mil MW de um insumo renovável e de baixo custo. 

Além das vantagens derivadas da geração hidráulica de eletricidade, aspecto no qual o Brasil se destaca em relação aos países desenvolvidos tendo em vista a enorme capilaridade de seus rios, esse tipo de energia é o mais apropriado para o contexto de combate ao aquecimento global, sobretudo pela capacidade de atendimento das metas previstas no Protocolo de Kyoto, para reduzir a emissão de poluentes causadores do efeito estufa. 

Entretanto, a exploração adequada do potencial hidráulico brasileiro marcha com lamentável lentidão por causa de uma série de problemas jurídicos, geográficos e ambientais. A comprovação está na presença de usinas hidrelétricas nos últimos leilões de energia nova, considerada tímida pelos especialistas da área. 

De acordo com estudos publicados pelo jornal Valor Econômico no meio da semana, nos dois últimos leilões denominados A-5 realizados no ano passado e no mês de setembro, com o prazo de cinco anos para a entrega da energia gerada, do total de 5,4 mil MW médios negociados, apenas 850 MW médios eram provenientes da geração hidráulica. 

O restante foi preenchido por projetos de usinas termelétricas movidas a gás natural liquefeito (GNL), óleo combustível ou carvão. 

A maior parte dos aproveitamentos hidráulicos das regiões sudeste, sul e nordeste está praticamente viabilizada, com exceção de empreendimentos de médio e pequeno portes, embora o setor de engenharia e construção veja como um autêntico concurso lotérico os processos de licenciamento ambiental sustados por ações do Ministério Público ou instituições ambientalistas. 

A tramitação das ações judiciais, que na maioria das vezes se arrastam por longos anos, dificulta a previsão do enceramento do cronograma das obras físicas, além de tornar imprevisíveis os custos exatos de cada empreendimento. 

Por outro lado, há um obstáculo a menos nos planos de expansão da oferta de energia elétrica, nos próximos anos, evidenciado pelo fato natural de que os novos potenciais hidráulicos estão localizados na transição dos rios Tocantins, Xingu e Tapajós, conforme declaração de José Antônio Muniz Lopes, presidente da Eletrobrás: “A viabilização desses empreendimentos não implica a necessidade de se construir reservatórios”. 

Ele acrescentou ainda que essas usinas trarão benefícios para o sistema interligado, porquanto possuem um pico de cheia diferenciado em dois meses em comparação com a região sudeste. Segundo Lopes, o volume de energia será três vezes superior ao armazenado no reservatório de Sobradinho, o maior do Rio São Francisco, ampliando a segurança do sistema nas épocas de estiagem prolongada. 

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, chama a atenção para a escassez de inventários de aproveitamentos hidráulicos decorrente do desmonte da estrutura de planejamento energético do governo nos anos 90s, resultando no corte abrupto da elaboração dos inventários. 

Tolmasquim afiançou que o trabalho foi reiniciado, mesmo diante da necessidade de contornar muitas dificuldades operacionais: “Grande parte dos novos aproveitamentos se encontram na região norte, muitos deles em áreas indígenas. 

Para entrarmos nas reservas a fim de realizar os estudos, é necessária a autorização dos índios, o que às vezes se revela uma dificuldade”. 

A boa notícia dada pelo presidente da EPE, instituição vinculada ao Ministério de Minas e Energia, é que em três anos estará viabilizado um pacote de projetos de usinas hidrelétricas com o total de 27 mil MW.

Autor: Gás Brasil