Geração de energia pelo lixo deve aumentar

Atualmente, a estimativa é de que se gere no Brasil em torno de 100 MW (cerca de 3% da demanda média de energia do Rio Grande do Sul) com o gás proveniente de aterros. 

Segundo o especialista em administração de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), Mauricio Maruca, sócio-diretor da Araúna Energia e Gestão Ambiental, a tendência é de que esse volume aumente devido ao avanço tecnológico e aos interesses públicos e empresariais na iniciativa. 

Diariamente, são produzidas no Brasil cerca de 170 mil toneladas de lixo urbano e doméstico, sendo que mais de 70% não passa por reciclagem ou não é direcionado para os aterros, local onde é realizado o tratamento dos resíduos. 

Só para se ter idéia, apenas 39% dos municípios brasileiros são adeptos dos aterros sanitários, uma medida que traz vantagens em relação à preservação do meio ambiente, com benefícios à população e, ainda, que se estende à economia. Através de projetos de MDL, é possível transformar o lixo em energia renovável e sustentável. 

Para Maruca, algumas alternativas são válidas para reverter o quadro atual e incentivar o encaminhamento do lixo para evitar a contaminação do solo e a poluição do ar. “Muitos desses projetos podem gerar benefícios econômicos para o setor empresarial por meio de ações que geram energia a partir do lixo em decomposição que é convertido em créditos de carbono”, explica o profissional. 

Um exemplo são os trabalhos desenvolvidos em alguns aterros sanitários de coleta e queima do gás metano produzido nestes locais. 

Outra medida é feita pelos próprios aterros que produzem energia elétrica a partir do biogás, que é inflamável, polui 20 vezes mais que o gás carbônico e ainda é responsável pelo efeito estufa. 

O processo é realizado através da instalação de uma tubulação para levar o gás até as máquinas que funcionam como motores de um carro. A explosão do metano movimenta os pistões e estes fazem o motor funcionar gerando energia elétrica. 

Através de unidades de tratamento técnico, instaladas nos aterros, consegue-se uma redução de até 98% da emissão de gás metano gerado pela decomposição do lixo. Simplificando, o funcionamento deste sistema se dá pela coleta do gás em tubos que direcionam para uma torre onde ocorre a queima. 

“Toda a operação é controlada por computadores que medem diferentes parâmetros, dentre eles a quantidade de metano queimado que corresponde às toneladas de CO2 que seriam jogadas na atmosfera”, comenta Maruca. 

Estes índices são convertidos em créditos de carbono que são certificados pela ONU e vendidos às empresas estrangeiras que não cumpriram a meta ou excederam os níveis de poluição que contribuem para o efeito estufa. 

Maruca alerta que reciclar ao máximo o lixo, inclusive orgânico, ainda é a melhor maneira para combater a poluição do meio ambiente, pois nem todo lixo deve ser queimado ou usado para gerar energia, e sim a sobra que não foi possível reciclar.

Autor: Abesco