BHP Billiton planeja um projeto integrado com porto no Brasil

A companhia anglo-australiana BHP Billiton, com sede em Londres, prepara-se para montar uma grande operação integrada de minério de ferro no Brasil. A maior mineradora do mundo já adquiriu um terreno na região de Mangaratiba, na Baía de Sepetiba, Estado do Rio, para construir um terminal portuário com capacidade de embarque de 50 milhões de toneladas anuais de minério, num valor estimado de R$ 900 milhões.

Sebastião Ribeiro, presidente e principal executivo de operações de minério de ferro da BHP Billiton Brasil, confirmou o investimento e disse que a mineradora ainda está em fase de prospecção de jazidas minerais no quadrilátero ferrífero de Minas Gerais em áreas já adquiridas na região. Ele negou que vá fazer aquisições de ativos já existentes na região, mas os rumores do setor indicam que o grupo avalia oportunidades.

“Estamos maturando reservas levantadas e falta sondagem para ser feita. Temos projetos em diversos estágios e alvarás de pesquisa no Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM), mas não existe aquisição”, afirmou. Segundo dados do DNPM, a BHP tem hoje 59 autorizações de pesquisas de minério de ferro em curso em Minas Gerais, muitos delas em áreas no quadrilátero ferrífero, abrangendo municípios como Ouro Preto, Mariana, Brumadinho e São Joaquim das Bicas. Mas as sondagens envolvem também cidades como Fruta do Leite, Padre Carvalho, Grão Mogol e Riacho dos Machados, situadas no Norte de Minas, região considerada como uma nova fronteira de exploração de ferro.

Apesar da declaração de Ribeiro, a BHP Billiton já entrou na disputa por minas à venda na região do quadrilátero ferrífero, próxima de Belo Horizonte. A companhia disputou a J. Mendes, mas foi vencida pela Usiminas, que deu um lance maior.

Agora, na mesma região, a London Mining está vendendo sua mina, a CSN anunciou um processo de alienação de parte ou da totalidade da Namisa e é dado como certo que Eike Batista porá à venda, em breve, a MMX Sudeste, que reúne três unidades de produção em Minas que devem produzir 4,2 milhões de toneladas neste ano e tem plano de atingir 33,7 milhões em 2013.

O projeto da BHP Billiton de expandir sua produção de minério de ferro no país, assim como sua concorrente Rio Tinto, pela qual fez uma oferta de compra, visa exportar o minério a partir de 2011. Tudo vai depender do projeto do porto. Já há conversas com a ferrovia MRS para transportar o minério. Atualmente, o grupo está presente no Brasil neste segmento apenas como dono de 50% da pelotizadora Samarco, em sociedade com a Vale (50%).

No Brasil, o grupo também tem negócios na área de alumínio, com 36% da Alumar e 15% na Mineração Rio do Norte (MRN), além de prospecções em bauxita, níquel e diamantes.

Com planos de exportação de no mínimo 50 milhões de toneladas por ano, a construção do porto de Mangaratiba é apontado como prioridade por Ribeiro. Mas ele admitiu que está enfrentando dificuldades na questão ambiental para montar o terminal. “Entregamos o projeto de licenciamento (pedido inicial) à Feema para começar a fazer os estudos do EIA-Rima. Ouvi dizer que o parecer técnico teria sido contrário à construção do porto e enviamos proposta alternativa, mas até agora não recebemos nenhuma comunicação da Feema”, disse. Mesmo assim, ele está confiante. Se houver dificuldades, vamos encontrar uma solução, disse.

O presidente da Feema, Axel Grael, informou ao Valor que o projeto do porto que lhe foi encaminhado pela BHP Billiton “foi considerado inaceitável perante a legislação ambiental do Estado” por conta dos impactos paisagísticos numa área de importância turística. Grael informou que o projeto da mineradora envolve pontes de acesso ao píer no canal de Itacuruçá, no município de Itacuruçá, na Rio-Santos. Mas, reconheceu que a BHP Billiton tem o direito de protocolar um projeto alternativo para a Feema analisar. “Se forem sanados os problemas importantes que influiriam para que negássemos a licença, tudo bem, iremos examiná-lo. O que mais pesa é a in-fluência no canal de Itacuruçá e conflitos com vegetação, manguezal e Mata Atlântica”. A FEEMA irá comunicar sua decisão à BHP ainda esta semana.

Autor: Valor Econômico