Petrobras participa de estudo de viabilidade para desenvolver rochas betuminosas nos EUA

A Petrobras anunciou no dia 9 de junho (segunda-feira), a assinatura de um contrato com a Oil Shale Exploration Company (Osec) e com a empresa japonesa de investimentos e trading Mitsui & Co. Ltd. (Mitsui), com o objetivo de realizar estudos conjuntos de viabilidade para o desenvolvimento de rochas betuminosas geradoras de óleo, no estado de Utah, nos Estados Unidos. 

A Petrobras realizará um estudo de viabilidade técnica, econômica e ambiental testando o processo Petrosix®, tecnologia patenteada pela Companhia para extração de óleo de rochas betuminosas, em terras pertencentes a ou arrendadas pela OSEC em Utah. A Mitsui, por sua vez, fornecerá serviços de consultoria para o gerenciamento e realização do projeto. Segundo o contrato, com base no resultado do estudo de viabilidade, a Petrobras e a Mitsui terão o direito de adquirir uma participação de 10% a 20% cada no projeto da OSEC. 

O projeto da OSEC, no estado de Utah, engloba o arrendamento de uma propriedade onde há a incidência de rochas betuminosas pertencente ao “Bureau of Land Management” (BLM ou Departamento de Gerenciamento de Terras). Nessa região, serão realizados a pesquisa, o desenvolvimento e a demonstração dessas rochas. 

Também fará parte dos estudos uma área recém-adquirida pela OSEC de mais de 22 mil acres de propriedade particular de xisto na Bacia do Rio Green, em Utah. Entre terras arrendadas e próprias, a OSEC tem direitos sobre mais de 30 mil acres de propriedade de rochas betuminosas, tendo uma base de recursos já descobertos na faixa de 3 bilhões de barris, segundo estimativas da Norwest Corporation. 

A larga experiência da Petrobras na produção de rochas betuminosas, e da Mitsui com recursos naturais e commodities, além do desenvolvimento de rochas betuminosas pela OSEC em Utah desde 2005, têm grande potencial para demonstrar e desenvolver o maior recurso ainda não explorado de energia nos EUA. Esse país contém reservas suficientes para suprir a demanda atual de energia do país pelos próximos 100 anos. 

A avançada tecnologia de extração de óleo de rochas betuminosas, conhecida como Petrosix®, foi desenvolvida pela Petrobras e já acumula mais de 30 anos de operação comercial de sucesso na Unidade da Petrobras em São Mateus do Sul, Paraná. Além de não gerar resíduos, a unidade de produção da Petrobras segue normas rigorosas de proteção do meio ambiente. 

Risco no pré-sal tende a zero

O risco de exploração da camada pré-sal para as outras empresas de petróleo é praticamente zero, disse o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, em Nova York. 

E, por isso, o governo deveria ter uma parcela maior no controle da riqueza potencial. 

“Não é um problema ideológico, (trata-se de) quem toma o risco e de quem vai ser recompensado”, afirmou. 

“A situação atual é que grande parte do globo tem PSA (Acordo de Compartilhamento de Produção), apenas poucos países têm concessão, e o Brasil é o único entre os 15 maiores que tem tipos tão livres de contratos orientados para investimentos. 

Ninguém tem coisas como o Brasil tem, nem mesmo os Estados Unidos”, disse em entrevista após palestra organizada pela Câmara de Comércio Brasil-EUA.

Gabrielli pontuou que há perspectiva muito grande para riqueza no futuro. 

“Acredito que o governo brasileiro deveria ter o direito da decisão sobre o que fazer, mantendo as condições atuais.
As companhias que aí já estão tomaram o risco quando tiveram de tomar”, argumentou. 

Para ele, a questão não se trata particularmente de investidores estrangeiros. 

“O problema é quem vai tomar o risco exploratório”, reiterou. De acordo com Gabrielli, a participação da indústria de petróleo no PIB brasileiro tem aumentado significativamente. “Acredito que hoje devemos ter saído de algo em torno de 6% para uma contribuição em torno de 10%”, completou. 

As estimativas oficiais, citou ele, apontam a participação em torno de 2% a 4%, ao ressalvar que são baseadas em números antigos e ha indícios de que a participação é muito maior do que os índices estão captando.

O executivo observou que a alta do petróleo no mercado internacional não é passada diretamente ao mercado brasileiro há cinco anos. “Mantemos as variações dos preços dos derivados no Brasil com uma relação de longo prazo, não aumentamos no curto prazo”. 

Segundo ele, isto não prejudica a Petrobras, “não só porque aumentamos a eficiência da produtividade, mas também porque a taxa de câmbio tem sido favorável e minimizado o impacto para o consumidor final”. 

Assim, acrescenta, o efeito é mais de longo prazo e o impacto demora para chegar ao mercado brasileiro. 

“Dessa maneira, não acredito que a variação trimestral do preço do petróleo vai impactar a variação trimestral do PIB.
Se tiver impacto, vai ser de longo prazo”, acredita.

Gabrielli disse também que as duas refinarias premium da companhia estão em “fase final de estudos”, uma com produção diária estimada em 600 mil barris e outra com 300 mil barris. “Vão ser construídas em fases é a única coisa que posso confirmar. 

As outras coisas (seguem) processo de decisão interno”, informou em entrevista após palestra organizada pela Câmara de Comércio Brasil-EUA. Para financiar os projetos, a empresa vai olhar para os mercados de capitais, disse Gabrielli ao argumentar que “a abordagem será a mesma” do passado. 

“Temos perspectiva sólida, podemos gerar recursos o bastante para pagar a dívida de juros fixos que pudermos ter”. Ele acrescentou que por ser grau de investimento a empresa pode ter acesso a diferentes investidores.
As fontes para os financiamentos devem ser títulos, caixa e dívida bancaria, ponderou.

“doença holandesa”.
A Petrobras quer que os navios que ainda precisa contratar sejam construídos no Brasil. “Queremos minimizar os efeitos da doença holandesa”, disse Gabrielli em evento em Nova York. 

A doença holandesa é um conceito econômico que tenta explicar a aparente relação entre a exploração de recursos naturais e o declínio do setor manufatureiro.
Além dos 59 navios em leasing atualmente, o executivo afirmou que a empresa precisa de mais 175 embarcações. Assim como os navios, a companhia quer que as sondas de perfuração sejam construídas no País.
A empresa planeja ter 72 sondas de perfuração até 2017 e vai anunciar processo de licitação para 28 novas sondas.

“Somos auto-suficientes em produção de petróleo, precisamos importar óleo leve. Vamos aumentar nossa capacidade de refino”, completou.

Autor: Agência Estado